ALTAS HORAS, ALTOS DESAFIOS!

Hoje numa roda de amigos que não via há muito tempo a conversa enveredou por um assunto televisivo, que dessa vez, juro, nada teve a ver com as minhas ideias redundantes e obsessivas, quando alguém empolgadamente falava na recente apresentação do programa do jornalista Serginho Groisman, o ALTAS HORAS, que trouxe a renomada atriz Glória Pires para a comum sabatina dos mais jovens.

Confesso que poucas vezes vejo a referida programação simplesmente porque às altas horas costumo estar nos altos sonos, posto que meus dias começam bem cedo.

O programa não deve ser ao vivo, em decorrência do avançar da hora, e a bem da verdade, me espantei com o relato dum amigo, posto que pelo que me disse a situação da atriz ficou pior do que saia justa durante a rodada de perguntas que lhe foram feitas, porém, mesmo assim o VT do programa foi ao ar o que, por se tratar da telinha, é algo pra lá de surpreendente.

E o que me encantou? É que me senti representada n'alguma questões que lá apareceram.

A pergunta que também me fiz, aliás que foi a primeira entre tantas que venho me fazendo, foi formulada por um adolescente de aproximadamente quinze anos, segundo o relato que me foi feito, que perguntou à Glória se ela, na condição de tão consagrada profissional, não se sentia constrangida em se prestar ao papel de atuar numa obra cinematográfica com intenções políticas.

Pelo relato do meus amigos, essa foi apenas uma das perguntas que deixou atriz sem resposta plausível, escorregando entre a plateia aguçada do jornalista global.

Bem, o que me encanta é perceber que nem tudo estaria tão perdido e que talvez o discernimento não esteja tão manipulado e "no papo" como muitos ainda possam acreditar.

Fascina-me que os mais jovens se demonstrem bem acordadinhos e que apesar das altas horas não se deixam enganar por sonhos cinematográficos dos plim- plins de certas telas....que espelham as flâmulas carmins...ao invés das verdes-amarelas.

Às vezes tendemos a pensar que os adolescentes ou mesmo os universitários de ideologias mais ingênuas se deixam levar pela poesia sentimentalista trabalhada pela mídia, aonde se prega que uma bonita e sofrida história de vida seja suficiente para o sustento das boas e verdadeiras intenções duma ideologia político- partidária.

Eu sinceramente, mesmo sendo uma inconformada com o tudo que vejo, e sentindo profundamente pelo meu amado país, torço para que apesar dos meios, tudo acabe dando certo.

Mas um fato é deveras curioso: eu também tenho me perguntado como que alguns artistas, representantes duma classe tão importante para o cenário do país, uma classe consciente e formadora de opiniões, podem participar dum meio tão desleal de se fazer "democracia".

Todos temos direito de eleger quem quer que seja , de pensar o que quisermos, de apoiar quem elegemos a apoiar, mas o que venho me perguntando é se é leal tanto palanque artístico se valendo da força da máquina e da maior mídia do país, acopladas num único tempo.

Qualquer candidato, por melhor que fosse, sairia em desvantagem para disputar com a tal engrenagem.

A todas as perguntas que me faço, todas as respostas esbarram numa única crença, a de que, infelizmente, todos têm um preço.

Basta aparecer quem decida cobrar a alguém que tenha o poder para pagar. ..por aquilo que não lhe pertence: a consciência alheia.

O que é abominável.