BOTAFOGO E HISTÓRIAS
O IMPERADOR JAIRZINHO
Nelson Marzullo Tangerini
2010: 40 anos da conquista do Tricampeonato Mundial no México. Jairzinho, Dr. Jair Ventura Filho, também conhecido como O Furacão da Copa – ou O Imperador – foi o artilheiro do Brasil naquela competição. Contra a finada Tchecoslováquia, Jairzinho fez dois. Um deles, o gol mais bonito da Copa. Jairzinho, após receber passe magistral de Gérson, chamado de Maestro, dá um lençol no goleiro, mata no peito e joga a bola no barbante.
Como Jairzinho, que fez gols em todos as partidas da Copa, era jogador do Botafogo, um bando de jornalistas mal intencionados saiu dizendo que o jogador estava adiantado e, portanto, impedido. No decorrer da partida, Jair Ventura Filho faz outro belíssimo gol, desta vez driblando toda a defesa eslava e pondo a bola no fundo das redes.
Em 2000, quando comemorávamos os 30 anos da conquista do Tri, nossa mídia fez questão de omitir o nome de Jairzinho. Só se falou em Pelé – como se o Rei estivesse jogando sozinho.
Estamos em 2010. Parece que Jairzinho será homenageado com uma estátua no Engenhão pelo Botafogo e sua torcida. Nada mais justo. A homenagem dever vir mesmo do Botafogo e de sua torcida, pois a mídia do Rio é abertamente flamenguista e só fala em Zico, que, ao lado de Júnior, jogou em três Copas e não foi campeão em nenhuma delas.
Jairzinho foi o ídolo de minha geração. Além de ter sido Campeão Mundial no México, o Furacão da Copa foi bi-campeão Carioca e da Taça Guanabara em 1967 e 1968.
Paulo César, que também jogou no México [1970] ao lado de Jair, Gérson, Rogério e Roberto [todos do Botafogo], costumava dizer que aquele time [de 1967-1968] dava chinelada em todo mundo. E é bom lembrar que Zagallo [técnico], Dr. Lídio Toledo e Admildo Chirol [preparador físico] também eram todos do Glorioso.
Muito antes disto, Garrincha cansou de humilhar os laterais do Flamengo.
Naqueles bons tempos, anos 1970, tínhamos João Saldanha, um comentarista de pulso - ex-jogador e ex-técnico do Botafogo e ex-técnico da Seleção Brasileira e botafoguense de coração. Hoje, todos os comentaristas são torcedores do Flamengo. Fazem questão de esquecer a história [o Botafogo deu 97 jogadores à Seleção, sendo que 46 deles foram campeões em Copas e em torneios mundiais], distorcem a realidade dos fatos.
Então começo a entender por que Jairzinho [que já foi reserva de Garrincha] não pode ser citado pela mídia. Ele estava naquele jogo Botafogo 6 x 0 Flamengo [Aniversário do Flamengo], quando o verdadeiro imperador fez um gol de letra por debaixo das pernas do goleiro Ubirajara. Naquele dia, o Botafogo não fez nenhum gol de pênalti. Mas a fla-imprensa fará questão de jogar este episódio para debaixo do tapete. Aliás, a imprensa do Rio conseguiu destruir os grandes clubes da cidade [Botafogo, Fluminense, Vasco da Gama, América e Bangu]. Só o Flamengo tem história, só o Flamengo é um clube de tradição. Esta imprensa, que diz que as outras torcidas estão envelhecendo e encolhendo, só não destrói o Flamengo, o mais querido da mídia, porque precisa dele para ter audiência televisiva e vender jornais.
Há muito a imprensa do Rio deixou de informar. O importante agora é alienar e criar uma legião de fanáticos, xiitas. Os jornais tornaram-se Tribunas do Flamengo. Nossa imprensa agora se associa a quem pode lhe dar retorno financeiro. There is no business like football business.
Nelson Marzullo Tangerini, 54 anos, é escritor, jornalista, compositor, poeta, fotógrafo e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É sócio da ABI [Associação Brasileira de Imprensa] e membro do Clube dos Escritores Piracicaba, onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini.
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