Saudades do meu Céu...!!!
Não vou dizer que não tenho saudades de onde vim. Seria grande mentira. Aqui embaixo, de vez em quando, sinto que as coisas são complicadas. Os cientistas dizem que tudo no Universo deixa vestígios. Na natureza nada se perde, tudo se transforma. Então, o Criador, com a mente mais rápida do que o ato, muito mais rápida do que o fato, no momento exato, na erraticidade, escolheu um lugar para mim.
Muitos são os caminhos, as partilhas, os sentimentos, muitos são recomendados e poucos escolhidos. Em primeiro lugar, para a minha pessoa, seria interessante saber se vim realmente do Céu, ou melhor, dizendo, se mereço o céu, ou melhor confirmando, se o Céu está dentro de mim. Ainda tenho que descobrir!!!
Afinal, sou escritora entusiasta, escrevo muitas e tolas poesias, brinco de correr pela vida, tenho vários defeitos e saudades dos que já se foram. Não esperava amarguras de duas grandes amigas a quem eu dediquei meu tempo e minha confidência. Quando partiram da minha vida, mandaram alguém me telefonar, ou me mandaram um telegrama. Amigos outros, de vários tipos, dos mais reais, aos virtuais... eu tenho e que nunca me pediram nada. Há desconexidade no meu Ser! Sou humana.
Meu filho André Luís que me olha com os olhos de criança, que sabe das minhas coincidências, vicissitudes e atribulações, não fala. O seu silêncio leciona mais do que mil palavras, coordenadas. Não gostaria que ninguém deste Recanto passasse pelas experiências pelas quais eu passei. Mas ao mesmo tempo, tenho que confessar: o autismo é algo abençoado para se aprender. Pode-se dizer que tem um filho autista está numa espécie de céu. Não clamo o autismo, apenas poetizo.
Mas continuo com saudades de um lugar distante, onde tudo brilha e ofusca, onde ninguém chora pelo desengano de ninguém, onde ninguém precisa de sorte e corre às loterias para ser feliz. Creio que lá não existe dinheiro. Talvez bônus-hora. Mas se deve trabalhar e se preparar para as idéias, para o calor e para a alegria. È obrigatório.
Nostalgias dos cantos aureoles, das prosas alvéolas, das poesias santas. Mas não me lembro, sinceramente, de ter visto harpas e asas por lá. Lembro-me de vários departamentos musicais, de setores de costuras variadas, de trabalhos elegantes e de vôos rasantes. Universidades, as mais variadas, e não se paga para aprender o Dom Divino, os halos e os nimbos crísticos. E anjos-guardiãos que nos acompanham. Seres simples e sorridentes.
Saudades dos avatares, dos pássaros gigantes e das árvores encovadas. Sinto falta das volitações e das imensas cachoeiras, dos alimentos frescos e apetitosos, dos campos sagrados, das escadas em cruzes e das cores felizes.
Não sei o que acontece no meu Céu, mas meus pensamentos vanecem como se tudo valesse a pena.
A beleza é exposta não em corpo, mas em espírito e luz. Sempre perto do coração. Não se esgota e não se finda. É divino e majestoso, embora não conheça o Criador. Mas não preciso disto, sei que Ele está por lá e por aqui. Sempre perto de mim. Sempre perto de todos.
Não tenho um milhão de amigos... mas tenho a Ele que me aquece, que me eterniza, que faz a minha alma crescer em dons de escritas e palavras. De minha fala primeira até agora, já me convenci: EU TENHO O MEU CÉU.
Por isto, e por tudo mais, eu não tenho medo de dizer que tenho saudades do meu Céu. Um céu que não tem barreiras e muros, que não tem aflições e chagas e ONDE tudo é perfeito.
E a minha Alma se deleita! Um dia volto para lá, sem perder de vista as minhas conquistas e meus filhos lindos! Os amigos, o entusiasmo de escrever e o dom de ser feliz!
Você tem saudades do seu Céu?
bhz, 09 de janeiro de 2010.