Jovem pula para a morte
Hoje amanhecí envergonhada de minha condição de ser humano. Jogada na minha cara, uma notícia estampada no noticiário diário. "Jovem pula para a morte de seu apartamento". Uma notícia sensacionalista dessas que apelam para chocar os leitores que na verdade sentem sede de sangue, como vampiros que somos.
Era um jovem, no começo de sua carreira profissional, para a qual se preparou durante anos. Não aguentou a descarga violenta da saudade. Saudade não aceitada, não digerida da morte prematura de sua mãe, morta a um mes de maneira banal por um ladrão que queria sua bolsa, isso motivou o salto para a morte de um jovem no começo da vida.
Tragédias cotidianas que não mais abalam as pessoas já habituadas a lidar com fatos como esse. E, perderam completamente a dimensão da dor, da perca, tornaram-se insensíveis, frios. Tragédias diárias que nos fazem ver o quanto estamos longe da perfeição, o quanto não somos humanos, o quanto ainda teremos que caminhar para conseguirmos entender qual a nossa função aqui nesse planeta.
Só nos resta tentar não engrossar essa legião de frios que nos cercam, e esperar não fazer parte dessas estatísticas sanguinolentas.Quem sabe fechar os olhos, tapar os ouvidos, já que foi com o vizinho?
Vamos esperar o amanhã quando outras tragédias tomarão o espaço das de hoje que passará a ser apenas um número estatístico.
Cairá no esquecimento. Somos assim, tudo passa celeremente até as tragédias, menos para uma mãe que levará para sempre dentro de si a saudade de sua filha e seu neto.
O que eu posso te dizer Diva?