" O MENINO E A ARTE. "

O menino caboclo olhou uma pintura, uma obra

de arte, de artista desconhecido.

O menino tentou entender, mas não sabia

direito o que podia ver para entender.

Havia ali uma pintura, mas tudo numa

sombra de medo e obscuridade que a tudo omitia.

Havia naquela pintura um pouco de orgulho e esperança.

Havia de um lado a pintura de menino feliz no meio

de um nada, sorrindo pro nada e para felicidade

alguma que se pudesse ver ou admirar, toda

felicidade de um habitante de lugar nenhum.

Mas ainda assim havia um sorriso no olhar do

menino que parecia não saber tudo que estava ao seu

redor naquela pintura.

Ali havia violência e abandono, ilusão e descrédito.

Havia ali uma surra e um abuso na escuridão,

que gerava muitas vezes um novo abandono.

Mais também haviam um festa, comemoração por nada

que muito encantava e fazia de tudo magia, e alegria

e a todos fazia sonhar. E todos sonhavam.

Haviam alguns com ferramentas de trabalho diário,

que corriam em direção ao alto do lar .

Para lá também iam outros com outras “ferramentas” de

um outro tipo muito mais perigosas mais

novas, no mais alto dos lares.

Haviam outros de outro lado correndo em sua direção

com os mesmos “tipos de ferramentas” perigosas porém muito

mais gastas, mais antigas e com furo nos olhares.

Haviam alguns que faziam arte de circo nos sinais aparentemente

sem motivo algum mais pareciam que sempre eram eles os

palhaços e por isso só riam e riam de si mesmo

por mais nada poderem fazer.

O menino na pintura trabalhava, mas não comia nem ganhava

e não sabia o por que mais sabia que ali a vida era festa

e por isso tentava comemorar só não sabia o quê.

O menino jogava bola por que diziam que era bom,

mais não sabia se realmente era.

O menino escolhia depois alguém para ir a algum lugar de poder,

fazer para ele alguma coisa, mas o menino não sabia a quem

escolhia e o que ele iria fazer.

Só sabia que tinha que o escolher mesmo sem o conhecer

por que o mesmo o dizia e era tudo que podia fazer.

A pintura era tudo muito belo e festivo.

O menino que via aquela pintura pediu que alguém lhe /

explicasse o que havia ao lado das festas, mas ninguém

tinha tempo de lhe ensinar para poder aprender.

O menino vil do outro lado da pintura uma bela

musica e algumas belas frases.

Mas quando olhava para o lado anterior, o lado não

entendido alguém lhe virava a cabeça de novo para o

lado das belas frases e a musica tocava mais forte.

Mas o menino queria entender o que era dito e o que

foi pintado e por quem foi pintado este primeiro

lado que acabara de ver.

Mas a musica tocava cada vez mais forte e mais forte,

que lhe ensurdeciam os ouvidos para qualquer outra realidade.

E as frases que lera faziam cada vez menos sentido.

E sempre algo lhe desviva a atenção para não entender.

E alguém lhe dizia: garoto esperto está vendo arte,

e o menino se dizia: Que me adianta ver e não entender.

E alguém lhe dizia: Que garoto forte pois está fora desta pintura.

Mais o menino sentia ser isto mais uma ilusão

sem poder compreender.

E o menino não entendia a própria impotência, diante da

vontade que tinha de quebrar a pintura.

Então menino perguntou se alguém naquele salão

de artes era artista e sabia lhe explicar a pintura,

que de alguma forma lhe trazia indignação ou

que lhe quebrasse ou que lhe ensinasse a repinta-la.

E alguém lhe respondeu: Que pintura garoto, ai não há

pintura alguma ! Isto é apenas um espelho!

Alan Ribeiro
Enviado por Alan Ribeiro em 09/01/2010
Reeditado em 18/05/2010
Código do texto: T2019739