ANO NOVO, PROBLEMA VELHO!

Na pausa para um breve descanso de férias, sempre acabamos por entrar mais em contato com a mídia e com suas nem sempre tão boas notícias.

O ano nem bem começou e infelizmente, DE TRAGÉDIA EM TRAGÉDIA, seguimos a já computar mais alguns dramáticos eventos protagonizados pelas águas das chuvas (é o que dizem!), que pelo país inteiro, não nos dão trégua e geram muita preocupação. Perdemos muitas vidas, infelizmente.

Os problemas basicamente são os mesmos: a natureza reclamando seu espaço a pedir por respeito às suas regras mais básicas e o Homem na sua megalomaníaca onipotência a desafiar toda a ordem dos eventos naturais, deveras agitados nos últimos tempos.

Ontem um jornal de São Paulo chamava via manchete sobre o problema dos sacos de lixos nas calçadas de São Paulo, colocados antes do tempo de recolhimento pela limpeza urbana e que abertos pelas chuvas entopem os bueiros e geram inundações. E o problema não pára por aí!

Tal ocorrência não é de hoje.Várias vezes já citei o fato que observamos sob os nossos narizes, quanto aos recicladores de lixo que também abrem os sacos, tiram o que lhes interessa e os deixam abertos, expostos às intempéries, sob os olhos incautos do poder público. Agora está na imprensa, quem sabe assim as coisas acontecem.

Mas um fato me chama a atenção: estamos acostumados a ver encostas ruírem pelas chuvas em locais que são impropriamente utilizados para as construções populares de comunidades carentes.

Porém a tragédia de Angra me remonta ao seguinte pensamento: Dessa vez não foram apenas barracos que ruíram. Foram casas e pousadas bem construídas.

Teoricamente uma pousada é uma empresa, tem finalidade turística, tem projeto de engenharia e arquitetura, tem alvará de construção e funcionamento, tem fiscalização. Tem ou não tem? Ou só teria que ter?

Gostaria, antes de continuar no meu pensamento, de fazer um link com uma reportagem que vi hoje na telinha, via loura do louro, que mostrava um hotel de luxo incrustado no âmago das rochas duma ilha italiana paradisíaca, aliás a loura pedia para que nos deliciássemos apenas com as imagens pois aquele local de veraneio não era para o bolso de qualquer telespectador. Aliás, reportagem mais que inoportuna aos nossos dias de tragédia, eu achei.

Bem, os louros globais estão mais que certos, poderiam dispensar o detalhe infeliz do aviso, aquilo de fato é coisa para quem não "perde tempo" na vida... trabalhando.

Mas aonde eu quero chegar? Quero chegar ao pensamento de que temos, nesse atual mundo moderno de efeito estufa, rever os "ecoatos" da humanidade, o controle do meio e a responsabilidade civil do poder público, e recalcular o risco dos projetos de certas construções glamurosas que se valem dos recursos naturais em época de fim de mundo.

Brincadeira? Não, não é. A questão é séria demais.

Por exemplo : Paralelamente ao cenário de Angra, quando se passeia pelo mar de Búzios dá até medo de ver certas casas belíssimas com seus barcos ancorados nas "garagens", nesse mundo atual de "tsunames". Quem cuida, afinal, do risco daquelas construções? Ou não há riscos? Não sei responder, apenas sinto medo.

Acabamos de sair duma reunião de Copenhague em que as autoridades mundiais se dizem preocupadas com o meio ambiente.

É mesmo? Não parece.

Por aqui por exemplo, quando acontece uma tragédia com a de Angra, tenho uma leve impressão que só culpam as águas e se desviam das responsabilidades NEGLIGENTES do poder público.

Pois bem, é estranho se chegar à triste conclusão de que, por aqui, não se consegue sequer prever um risco duma encosta vir abaixo sobre um estabelecimento turístico.É o fim dos tempos mesmo!

Cadê a fiscalização?

Na verdade sei que temos um grande impasse...talvez sem solução, e pelo país inteiro!

Se formos mapear só aqui em São Paulo o número de "casas" construídas em área de risco e seu respectivo potencial de tragédias, tenho a impressão que precisaríamos do espaço dum outro ESTADO para se reconstruir algo seguro.

Ademais, é preciso educar o povo.E -d- u- c- ar! Simples.

Educa-se o povo e de sobra já se resolveremos o alicerce dos atos políticos, que ancoram a maioria das tragédias sociais. Ou se educa o povo ou padeceremos eternamente ...exatamente assim, de tragédia em tragédia.

O ano é novo, porém nossos problemas são pra lá de velhos.

Problemas anciãos que infelizmente impedem o rejuvenescimento do meu velho pensamento de sempre.