MARCADO PARA MORRER.

Sufocado por todos os líquidos abençoados que geram a vida o homem chora quando chega ao mundo como já distinguindo pelo vaticínio, a única certeza; está marcado para morrer.

O maior bem, vida, agora lhe dado pela energia suprema, primeiro motor criador da vida no sistema de causalidade, retira desse passo a possibilidade da consciência maior desse valor imensurável. Acompanha-o o "pecado original", o livre arbítrio concedido no inicio dos tempos.

Por esse bem, vida, toda a existência se doará; na formação, na preparação da caminhada, fazê-la para sobreviver, nos apurados caminhos das emoções que tragam prazer, alegria e a nuvem chamada felicidade, relativa e que se dissipa.

Os que a si sonegam saltos em busca do saber que enriquece, mas faz sofrer, resta a saciedade, a satisfação da rudeza insciente que indica a aparente felicidade.

É o ignorar sem perceber a riqueza da sensibilidade.

De certa forma, apartar-se da posse das emoções que sitiam o ser e existir, em busca de outros planos pelo saber, traz a paz que reconforta o ignaro, dele se apiedando, contudo, o consciente, que sofre muito mais no escoar da natureza.

É a nudez do invólucro, raso o corpo de substrato, falho de conteúdo, inalcançável para o rústico.

Pode-se dizer, existir sem ser.

Erige-se, assim, uma morada do desprezo pela excelência cerebral.

Mas, ao menos, o “marcado para morrer”, não saltita febril em seus neurônios tão fortemente e por isso não exaure suas forças cerebrais, acomodadas ao que lhe passa a simplicidade dos dias e das noites.

Passa pela vida, a vida não passa por ele.

Seu existir sem ser confisca e sonega a força que alimenta ao mesmo tempo que convulsiona o pensamento.

Caminhando em que escola caminhar, religiosa e moral, tem a mente pacificada.

Seria uma escuridão que ilumina?

Os que meditam buscam o nada do pensamento, esvaziar a mente para chegar à plenitude, onde não há doença, sofrimento ou morte; o núcleo da calma absoluta.

Seria a verdade da inconsciência, a reeducação da atenção que procura o vazio que leva à paz?

O espírito é vítima da iniquidade e o corpo da mortalidade, dizia Santo Agostinho.

Buda ensinava: se alguém é chamado a dizer que sabe e se não sabe, deve dizer, eu não sei nada. Se não viu nada, dirá, não vi nada.

A iniquidade do espírito está em desvirtuá-lo; se não se escapa da morte do corpo, é possível fugir da morte do espírito, já que a única certeza que temos, é que somos “marcados para morrer”, é que um dia o corpo se transformará em pó.

Para tanto é preciso caminhar com a correção, fazendo como ensinou Buda, sendo sincero.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/01/2010
Código do texto: T2017840
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