HISTÓRIA NÃO ESCRITA I
Durante dez anos (1978—1988), saía uma vez por quinzena, o Boletim Interno de Pessoal (Bip), trazendo informações de vagas para cargos comissionados em alguma agência do Banco do Brasil e outras notícias de interesse da comunidade bancária: reajuste salarial, remoção de gestores, instalação de nova agência e a tão esperada “História Não Escrita”.
Havia uma enorme fila de espera: autores aguardavam que sua história na Casa fosse publicada no jornal interno da instituição. O canal era o BIP, nada maior do que uma folha de papel tipo ofício, dobrada ao meio e escrita nos quadro lados —sem dúvida, papel-jornal de boa qualidade e de considerável valor histórico-cultural...
Talvez por falta de espaço naquele periódico, a história da vistoria na fazenda de Dr. Manuel Ferreira, nunca tenha sido publicada. Hilariante e merecedora de divulgação, com todo respeito às partes envolvidas, ela deveria estar lá.
Foi assim: Valfrido era o fiscal do banco. Agendada com antecedência a vistoria, no dia marcado o fiscal se encontrara com o mutuário na fazenda Uauá, distante algumas léguas da sede do município de São Francisco, Minas Gerais.
Depois de conferir todos os semoventes oferecidos em penhor, deu pela falta de um jumento — até então— jegue servia de lastro para garantia de empréstimos...
Meio acanhado, o fiscal questionou: Doutor, está faltando o andaluz!
O asno — respondeu Dr. Manuel, advogado e cidadão conhecido e respeitado na praça — saiu às caladas da noite em busca de aventura amorosa...