No meu tempo de criança
Quando pequeno nas férias, as ruas ficavam cheias de crianças, pipas, bicicletas, carrinhos de rolemãs, brinquedos e brincadeiras as mais diversas, pega pega, esconde esconde, mãe da rua, amarelinha, queimada, pular cordas, etc.
Agora são férias de fim de ano e cadê as crianças, onde estão? Para onde foram?
Na minha época éramos os donos da rua, ela era nossa, conhecíamos todos que nela moravam, cada cachorro, cada buraco, cada árvore.
Sabíamos de tudo, aonde encontrar a melhor linha para empinar pipa, a rolemã mais rápida, a cola, o papel de seda perfeito, varetas.
As ruas do bairro, os atalhos, as vielas, trilhas pelos matos e matas que havia.
Acordávamos, íamos ao banheiro, tomávamos café, juntávamos tudo o que precisaríamos para o dia e ganhávamos a rua.
O céu ficava colorido de tantas pipas, papagaios, pandorgas, quadrados, arraias, laças intermináveis, caçadas ferrenhas, no fim lá pela hora do almoço, cansados, cheios ou não de pipas na mão, por insistência das mães, entrávamos para almoçar.
À tarde, futebol na rua mesmo, racha de lascar o dedão do pé, jogo duro, três contra três, fim do jogo eram seis contra seis sem goleiro, difícil pegar na bola.
À tarde, após o lanche, já saíamos com o carrinho de rolemã nas mãos, na descida da única rua de asfalto da área, tirávamos o eixo dianteiro, juntando todos os carrinhos num só, como se fosse um trem e seus vagões, certeza de unhas arrancadas, dedos e pés esfolados na primeira curva.
Final do dia, ralados e felizes, tomávamos o rumo de casa.
No dia seguinte, com certeza novas brincadeiras surgiriam, mas estas sempre se repetiam