CRUELDADE MÁXIMA.

Duas horas da tarde. Em uma confortável casa de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, mãe e três filhas acabam de almoçar.

O dono da casa, coronel do exército que servia no alto escalão do Ministério, em adendo no Rio de Janeiro na Presidente Vargas, estava em seu gabinete de trabalho.

Na casa a mãe e suas filhas, mais duas empregadas.

O ajudante de ordens do coronel tinha saído no carro da família para buscar na lavanderia roupas mandadas lavar.

A casa situava-se em uma pequena elevação com entrada na forma de caminho em placas de pedra. Distanciava-se uns vinte metros do portão principal.

O portão da garagem ficava e permanecia aberto para a entrada de carros.

Por ele entraram três menores de idade para consumar o crime popularmente conhecido como assalto.

Com facilidade chegaram à porta principal, também aberta.

Entraram e dominaram rapidamente as pessoas que lá estavam como descrito.

Passou-se ao “desfrute” das delícias da residência que após prisão havida disseram ao juiz tratar-se de uma mansão.

Beberam e tomaram banho de piscina com as pessoas todas amarradas.

O terror instalou-se pela tarde, insistindo os infratores (assim são tratados os menores pela lei, não como criminosos) para que as meninas de doze, quinze e dezessete anos fumassem maconha, tudo na vista da mãe amarrada.

Recusaram e apanharam bastante.

O ajudante de ordens que voltaria pela noitinha, chegou por volta de sete horas, entrou como de hábito pelo pátio de carros e estacionando estranhou as luzes apagadas.

Tinham sido apagadas pelo chefe do bando, quando o carro entrou no pátio da frente.

Meteu a mão na maçaneta e viu que estava aberta, entrou. Levou de imediato um tiro no peito.

Caiu no meio da sala, agonizando em estertores.

Em convulsão o ajudante de ordens, o chefe do bando apanhou uma espada militar do coronel pendurada na parede como enfeite e espetou várias vezes no agonizante até ele parar os movimentos conforme contou ao juiz : “espetei ele até ele parar”.

Estamos diante de uma crueldade acontecida em 1977, contada ao juiz de menores do Rio de Janeiro friamente, o juiz era eu.

A crueldade cresceu muito mais e quem há de inibir por meios e modos a impunidade que incentiva o delito mudando as leis nada faz.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 06/01/2010
Reeditado em 06/01/2010
Código do texto: T2014230
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