O Tempo Voa
"Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria..."
(Zeca Baleiro)
Bastou um sorriso. Um sorriso inesperado. E de repente me dei conta de quanto estou feliz. O entardecer era lindo, o céu tingido de vermelho e azul profundo, a temperatura finalmente baixava um pouco, ao final de um dia de muito calor. Primeira aula de tênis do ano e percebo o quanto gosto de estar ali. Do professor, dos colegas, do jogo, da quadra... É esse clima de saúde e companheirismo ou só efeito da endorfina? Não importa: vicia.
Enquanto cato bolinhas para o próximo exercício, a cabeça passeia entre lembranças e fantasias, projetos e utopias. O dia produtivo no trabalho, a seqüência de músicas no som do carro que acompanhei cantando a plenos pulmões, o final de semana passado em casa, com o marido e as cachorras, o chopinho com pizza e o namoro no terraço em um anoitecer igualmente lindo, o quintal, onde colhemos goiabas e mangas no pé. Os pássaros e a festa no vizinho até de madrugada, atrapalhando meu sono e me presenteando com uma noite de insônia produtiva...
A alegria pela família e os amigos presentes, a saudade dos amigos distantes e o ridículo das caixas dos enfeites de natal que não tive ânimo de pendurar, retiradas há quase um mês do sótão e que hoje, dia de desmontar a decoração, voltarão intocadas para seu lugar.
Planos de publicar um livro, escrever um romance, voltar ao coral, acertar o próximo saque...
Minha vida é linda e nem sempre me lembro de agradecer a Deus por ela. Agradeço. Desta vez, agradeço, enquanto caminho na direção daquele sorriso... contagiante. Não, não era nenhum belo ragazzo, nenhuma inspiradora moçoila, nem mesmo uma criança cujos sorrisos costumam ser mesmo sempre tão inebriantes. Essa é a melhor parte. O sorriso não era nem mesmo um sorriso. Era apenas a combinação da cola em curva numa das inúmeras bolinhas no chão, com os pontinhos feitos pelo professor para marcá-la como sua. Apanhei-a do chão, a ilusão de ótica desfeita. A leveza do espírito não.
E uma pressa enorme de viver.
Lembrei-me da Evelyne Furtado, escritora aqui do Recanto, que escreveu um lindo texto falando da constante aceleração do tempo. Ao comentá-la, enumerei algumas causas para essa sensação, mas talvez tenha esquecido a maior de todas: o tempo voa quando a gente está se divertindo. E o melhor é mesmo aproveitar cada segundo.
"Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria..."
(Zeca Baleiro)
Bastou um sorriso. Um sorriso inesperado. E de repente me dei conta de quanto estou feliz. O entardecer era lindo, o céu tingido de vermelho e azul profundo, a temperatura finalmente baixava um pouco, ao final de um dia de muito calor. Primeira aula de tênis do ano e percebo o quanto gosto de estar ali. Do professor, dos colegas, do jogo, da quadra... É esse clima de saúde e companheirismo ou só efeito da endorfina? Não importa: vicia.
Enquanto cato bolinhas para o próximo exercício, a cabeça passeia entre lembranças e fantasias, projetos e utopias. O dia produtivo no trabalho, a seqüência de músicas no som do carro que acompanhei cantando a plenos pulmões, o final de semana passado em casa, com o marido e as cachorras, o chopinho com pizza e o namoro no terraço em um anoitecer igualmente lindo, o quintal, onde colhemos goiabas e mangas no pé. Os pássaros e a festa no vizinho até de madrugada, atrapalhando meu sono e me presenteando com uma noite de insônia produtiva...
A alegria pela família e os amigos presentes, a saudade dos amigos distantes e o ridículo das caixas dos enfeites de natal que não tive ânimo de pendurar, retiradas há quase um mês do sótão e que hoje, dia de desmontar a decoração, voltarão intocadas para seu lugar.
Planos de publicar um livro, escrever um romance, voltar ao coral, acertar o próximo saque...
Minha vida é linda e nem sempre me lembro de agradecer a Deus por ela. Agradeço. Desta vez, agradeço, enquanto caminho na direção daquele sorriso... contagiante. Não, não era nenhum belo ragazzo, nenhuma inspiradora moçoila, nem mesmo uma criança cujos sorrisos costumam ser mesmo sempre tão inebriantes. Essa é a melhor parte. O sorriso não era nem mesmo um sorriso. Era apenas a combinação da cola em curva numa das inúmeras bolinhas no chão, com os pontinhos feitos pelo professor para marcá-la como sua. Apanhei-a do chão, a ilusão de ótica desfeita. A leveza do espírito não.
E uma pressa enorme de viver.
Lembrei-me da Evelyne Furtado, escritora aqui do Recanto, que escreveu um lindo texto falando da constante aceleração do tempo. Ao comentá-la, enumerei algumas causas para essa sensação, mas talvez tenha esquecido a maior de todas: o tempo voa quando a gente está se divertindo. E o melhor é mesmo aproveitar cada segundo.