FILHOS E MÃES
 
 
            “Mãe, se você quer discutir a questão de mudanças entre mãe e filho, “vá conversar com a Vastí, ou com suas amigas”, (ou em outras palavras,” VÁ PRA PUTA QUE PARIU!”, “grifo e pensamento da mãe, interpretando a expressão do filho), e não venha dizer ou discutir com os próprios filhos o que você acha o que é a alegria ou felicidade de um filho ou de uma mãe!

          As mães ouvem tais despropérios e seguram o sofrimento e a lucidez para suportar e não simplesmente brigar ou cortar as relações de filho e mãe.
 
            Quase todos os filhos aproveitam tal momento para criarem uma ruptura de vez com “o cordão umbilical” e conquistar a liberdade, a libertação enfim “oh deus daquele suplício chamado mãe”! E vão pela vida a fora tomados de uma alegria de grilhões desfeitos, quanta felicidade! Vão transar, vão ter filhos, vão tomar uns porres homéricos e, se possível vão experimentar tudo que até então era considerado uma proibição, todas as infrações até então respeitadas, mas desejadas lá no fundo de sua consciência e da sua perversidade irrustida.

     E quase todas as mães “choram” ou “vão murchando a alegria” e aceitando as novas regras do viver, que significam abrir mão de suas convicções, de seus desejos, de seus sonhos, de suas expectativas de tranqüilidade de viver, de se tornar menor, de ser menos que ontem, de se omitirem em suas reindivicações válidas, de sua força, de suas fraquezas, de sua vontade de ser feliz também, de participar da vida, de não virar apenas um ser velho e despejado da família, de não ter voz ativa, de se transformar apenas num adendo à margem e à margem da vida viver obscuramente e ir terminando até a morte a colher ao esquecimento absoluto.

          Ainda são reforçados os “bordões: você não é dona dos seus filhos, eles são do mundo, você é só a parideira deles, você é só o referencial deles; vá viver a sua própria vida sua vagabunda inútil, vai buscar a sua própria alegria de viver e deixe em paz os seus filhos, vá encontrar um caminho, vá ao médico, vai se cuidar vá ao terapeuta, vá ao psiquiatra, ou aceite ser disponível ao uso do homem quando este o desejar seja de que forma for, vá pilotar um fogão e um tanque, aceite ser estuprada e realize os desejos dos homens criados à imagem de deus; não use a inteligência, não use a criatividade, não use talento, não tenha personalidade própria, junte-se às mulheres iguais e iguais a elas seja!”