Valeu, compadre!
Literatura humanística que realça os pequenos grandes fatos das cidadezinhas do interior, impedindo que nossas origens e tradições populares caiam no esquecimento. Faz o insubstancial aparecer na sua real dimensão humana. A vida é feita de posturas e ações aparentemente sem importância que só se engrandecem na transversalidade do olhar do poeta, valorizando as pequenas coisas que formam seu universo.
Assim vejo estas crônicas de Fábio Mozart reunidas no livro “A voz de Itabaiana e outras vozes” que em boa hora o Ministério da Cultura faz publicar. O livro é inspirado nas pessoas e fatos de sua cidade, sendo ele próprio personagem de muitos eventos carregados de dramaticidade e comicidade ao mesmo tempo.
O autor é uma das marcantes figuras da cultura itabaianense de todos os tempos. Sua produção diária na internet cujo foco é a cidade que o adotou enriquece a Historiografia paraibana de nossos dias.
Tributamos respeito e admiração por este escritor que se realiza na preservação da cultura de sua gente. Pessoa simples e trabalhadora, tem focado também sua arte conforme a consciência crítica diante do sistema de exploração e a violação dos direitos da cidadania.
Sobre isso, lembro um episódio ocorrido no final dos anos 70 em Itabaiana, por ocasião da primeira greve dos canavieiros na várzea do Paraíba, quando teve início o processo de “abertura gradual” da ditadura militar. Ele foi um dos jovens que “tomou” o sindicato dos trabalhadores rurais de Itabaiana e conduziu a greve, diante da vacilação dos “pelegos”.
Numa terra de tantos poetas e bons escritores, louvo a espontaneidade e sinceridade desse poeta-cronista, cuja profissão de fé tem sido a cultura do seu povo, capaz de perceber a beleza das coisas simples. Muito me honra ter sido seu professor no antigo Colégio Estadual de Itabaiana, hoje Colégio Dr. Antonio Batista Santiago. E mais expressiva é a distinção que me concede, escolhendo-me para fazer a apresentação do seu novo trabalho, composto de boa literatura com estilo jornalístico, além do cordel sobre a cidade-berço de Zé da Luz e Bastos de Andrade.
Fui ator no seu grupo de teatro, ele que é incansável trabalhador no campo da produção artística desde os anos 70. Adorei as reminiscências concretas e pitorescas de nossas aventuras políticas, etílicas e artísticas. Valeu, compadre!
Zenito de Oliveira
(Apresentação do livro “A voz de Itabaiana e outras vozes”)