A IGNORÂNCIA HUMANA.
IGNORÂNCIA HUMANA.
Sócrates pretendeu mostrar ao homem sua vastíssima ignorância e que o curto tempo em que permaneceria sobre a terra não permitiria erradicar a mesma.
E das alturas dessa sabedoria acumulada que sabia ser pouca ou quase nada, nenhuma praticamente, declinou:
“Sei que nada sei”.
Esse nada sei socrático, dito na época helênica, é o “tudo sei” por proclamar nada saber que atravessa os tempos ensinando aos pretensiosos o pouco a que chegamos sempre.
Assim resumiu o filósofo o primeiro passo de quem se entrega ao estudo ininterrupto, reconhecer sua ignorância, mesmo que passe a vida inteira estudando.
Quando nos apossamos dessa consciência de nossa infinita ignorância, passamos ao outro passo, o do autoconhecimento.
O mestre que nos chegou por seus alunos, reportado, principalmente por Platão, já que nada escreveu, traça o método da maiuética, ou seja, trazer a luz ao que fosse sombra interior, processo interrogativo que abordei faz tempo nesse site.
Ninguém pode conhecer a si mesmo através de terceiro, óbvio. Assim, Sócrates ensinou o método para abrir esse indispensável conhecimento, digamos, o primeiro para sairmos da completa ignorância.
Mestres ensinam, entregam chaves, nesse caso as chaves com as quais vamos abrir a porta do nosso próprio interior; isso é vital para sair um pouco das trevas para a luz.
Nascemos e habitamos locais difusos onde os contornos apurados não são visíveis, nada é muito claro, tateamos sem saber para onde vamos com segurança ou o que podemos encontrar, e podemos estar, sem sentir ou pressentir, próximo a um abismo.
Um Leonardo Da Vinci, de múltiplos saberes, morreu sem nada saber sobre o que se saberia depois, ainda que previsse o avião, praticamente desenhando-o, ou o submarino, sendo um artista plástico de inúmeras facetas além de cientista.
Um Levy Strauss, morto recentemente, como antropólogo vanguardista e gênio fora de época em sua ciência, era assim, em sua área.
Da mesma forma tantos outros, Norberto Bobbio, o inigualável Kant e somadas personalidades.
Eles, contudo, por terem chegado aonde chegaram, dando o segundo passo, obtiveram luzes maiores, não o domínio do saber, o que nunca ninguém terá.
Ainda assim, com essa evidência no cenáculo humano que traz a certeza, muitos se pretendem sabidos e sábios quando sequer conhecem “possibilidades matemáticas”, "equações diferenciais", "fracionamento da matéria por aceleração" ou mesmo o que seja forma em filosofia.
Tomar consciência de nossas limitações é importante para fugir do processo de egolatria primeiramente, e começar a subir na escala de apossamento de um grão de areia nessa enormíssima praia do conhecimento.
É preciso se afastar dessa monumental insciência através da busca da gnose mínima para termos uma vida melhor.
Lutar por essa conquista!