Ser Estranho Ser

Juliana sempre foi inteligente, estudiosa, educada, honesta e por sinal muito tímida. Desde os seis anos de idade, sofria abuso sexual por parte de seu pai e sua mãe nada podia fazer, pois temia perder o sustento do lar e silenciava. Ela não via a hora de terminar o colégio para dar um basta nisso. E ao completar dezoito anos, arrumou um emprego com a função de secretária, arrumou um namorado, mas ficara grávida e ele disse a ela que se ela não abortasse a criança ele a largaria.

Então um dia ele a levou em uma farmácia e ela tomou uma injeção forte e no dia seguinte abortara o feto que já estava com dois meses. Depois de seis meses se casaram e forma morar na casa construída no quintal dos sogros. O casamento durou três anos somente. Ele a deixou por outra, mas como ele não queria dar nada a ela e queria que a outra viesse morar na casa dele, alugou uma casa para ela e ela teve que se virar sozinha.

Dezoito anos se passaram e ela já estava estabilizada na vida. Tinha o seu emprego, a sua casa própria e ficou estéril devido à injeção que tomara.E aí que começara o seu pesadelo, pois sempre se sentia perseguida. Para onde ela caminhava, tinha a sensação que alguém a estava seguindo. E começou a receber todos os dias flores vermelhas. E quem mandava não se identificava. Ela começou a gostar da história, mas sentia medo. Quem estaria mandando as flores?

Depois de quinze dias, as flores começaram a aparecer com bilhetes. Que diziam assim:

“- Você é muito bela.”

“- Estou apaixonado por você.”

“ - Quero conhecê-la melhor.”

E num desses convites dizia assim:

“- Gostaria de encontrá-la no Restaurante Cavacas, às 21 horas no sábado.”

E ela aceitou conhecer esse ser misterioso.

E chegou o sábado e ela colocou o seu vestido mais bonito, o seu perfume preferido, e saiu ao encontro do desconhecido.

Ao chegar no restaurante, o estranho não havia chegado e então ela sentou-se e ficou a esperar. O relógio badalava 21 horas e nada. Ela esperou até às 22 horas e retirou-se daquele lugar.

Caminhando pelas ruas para chegar em sua casa. Ela sentiu que alguém a perseguia. Apressou os passos, abriu a porta de sua casa e trancou rapidamente a porta.

E as flores continuaram chegando diariamente. E agora sem os bilhetes. E agora Juliana recebia ligações anônimas. Na primeira ligação a pessoa não se identificara e Juliana só ouvia a sua respiração. E nos dias que se seguiram as flores chegaram e as ligações continuavam do mesmo jeito.Ela preocupada com aquela situação decidiu se dirigir à delegacia e contar toda aquela situação, mas o delegado disse que nada poderia fazer.

Então ela volta para casa e decide ficar mais atenta aos acontecimentos dos dias que se seguirão. E uma noite ela voltando para casa alguém a segurou pelo braço e a jogou dentro de um carro. Ela tentara escapar daquele ser, mas não conseguira. E nem pôde gritar porque a sua boca fora amordaçada. E por muita infelicidade dela não havia ninguém na rua para socorrê-la. E então o ser misterioso seguiu o seu caminho com ela. Pararam em frente a uma casa muito bonita e ele a arrastou para o interior da casa. Trancou-a em um quarto e a deixou lá. O ser misterioso saiu e ela passara a noite toda trancada, com frio, fome e desesperada.

No dia seguinte ele não voltara. Ela naquela escuridão, angustiada e sozinha.

E no terceiro dia ele aparece. Abre a porta do quarto e os dois seguem para a cozinha. Então ele prepara algo para ela comer. E deixa que ela siga até o banheiro e tome um banho e faça a sua higiene pessoal. Ela toma banho e volta para a cozinha. E ele permanece calado. E ela intrigada com a aquele silêncio, resolve quebrá-lo. E pergunta:

- O que você quer de mim?

Ele não responde. Ele coloca na mesa o jantar e após degustarem a comida. Ele a pega pela mão e a leva ao quarto novamente. E a tranca. E vai embora. Ela começa a chorar, gritar e espernear. Ele não a ouve. E ela escuta o barulho do motor do carro desaparecer.E lá se vai mais uma noite na escuridão. Sozinha e sem ninguém para conversar.

No dia seguinte ele volta e decide conversar com ela. E os dois começam um longo diálogo que dura por duas horas. E ele diz:

- Desde a primeira vez que a vi, me encantei com você. A sua beleza é rara e quero você para sempre comigo. Ela responde:

- Você deve estar louco. Como você deseja me conquistar? Me colocando nesse cativeiro? Ele diz:

- Eu não disse que quero conquistá-la. Disse que quero você para sempre comigo. Ela diz: - Como assim?

Ele diz: - Viveremos juntos pela eternidade. A minha alma precisa da sua para sobreviver. Faremos um pacto. Somos alma gêmea. E temos contas a acertar nessa vida.

Ela diz: - Contas? Que contas? Você ficou louco?

Ele diz: - Sim, temos contas a acertar. Estamos a várias vidas a nos encontrar e sempre acabamos mal. E se eu não tomasse essa atitude terminaríamos mal também.

Ela diz: - Como assim?

Ele diz: - Há vários séculos sempre nascemos na mesma casa. Na primeira vida éramos irmãos, na segunda vida era o seu pai, na terceira vida era a sua mãe, na quarta vida era seu marido, na quinta vida era a sua esposa e agora na sexta vida eu seria...E se pôs a chorar.

Ela diz: - Por que você chora? O que houve?

Ele diz: - Você me matou.

Ela diz: - Como assim... Você está vivo...Como eu o matei?

Ele violentamente lhe dá um tapa no rosto que chega a ficar vermelho.

E diz: - Você não se lembra? Por isso vivo nessa angústia, nessa depressão, nessa minha vida inútil. Ela chorando responde: - Não sei o que você diz.

Ele responde: - Então vou clarear a sua mente. Lembra que em 1983 você estava grávida de dois meses e para se livrar da criança tomou uma injeção fortíssima?

Ela responde: - Como você sabe disso?

Ele diz: - Eu era a criança que nasceria e seria o seu filho.Ela pálida responde: - Mas não tive culpa, meus pais não me aceitariam grávida e o meu suposto namorado ameaçou me largar, se eu não tomasse essa injeção. Como eu haveria de me sustentar? Nem trabalho eu tinha. Eu tinha apenas 18 anos. Ele novamente lhe bate no rosto e dessa vez mais forte e ela chega a cair no chão.

Ele retruca: - Você me matou, fui até o inferno por sua causa. Nasci depois de dois anos.Em outra família com graves problemas mentais e hoje venho cobrar isso de você. E não pense que você sairá ilesa disso tudo. Por isso a deixei no escuro. Para você saber como era a minha vida depois que você me impedira de nascer.

Ela aflita diz: - O que você fará comigo?

Ele sorri e diz? - Eu a matarei.

Ela começa a chorar. E então ele pega uma faca e começa a lhe desferir golpes mortais.

O corpo dela no solo já sem vida. E então ele começa a cortá-la em pedaços. Coloca os pedaços em um saco plástico preto. E joga em um rio. Sem levantar nenhuma suspeita. Limpa a casa e vai embora.

Dias depois uma pessoa que passava pela beira do rio avista o saco preto, abre com muita curiosidade e desmaia ao ver aqueles pedaços humanos.

O Ser estranho jamais foi visto novamente.

E nunca desvendaram o mistério do saco preto.

Roseli Princhatti
Enviado por Roseli Princhatti em 02/01/2010
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T2007063
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