PERCEPÇÃO (OU PARA ONDE FOI A LETRA A?)

Era uma vez um rapaz chamado Alex que, embora soubesse falar sobre quase tudo, não conseguia se destacar em nada.

Porém, tinha sim um talento especial: o talento para cultivar boas amizades.

Uma dessas amizades, uma doce e gentil garota chamada Dudu, cismou que o indivíduo em questão era escritor, e vivia pedindo para que ele criasse crônicas, contos, poesias.

Ora, embora nosso herói tivesse consciência de que não tinha vocação para as letras, passou a escrever, sempre incentivado pela fiel Dudu.

Certa noite, encontrava-se Alex solitário diante do computador, quando Dudu – sempre ela – pergunta se poderia mandar para ele um teste sobre percepção.

Movido pela curiosidade, Alex - também conhecido como O Insano – aceitou o desafio proposto por sua amiga. E pôs-se a tentar decifrar o enigma.

Passam-se cinco minutos, quinze minutos, meia hora, uma hora, e nada. Ora ele olhava o texto bem de longe, ora bem de perto. Seus olhos chegavam a lacrimejar de tanto olhar fixamente para aquele texto, e nada.

Não aceitava a idéia do fracasso, porém este era iminente.

Num ato de desespero, quando estava a ponto de ficar vesgo de tanto olhar para a tela do computador e já temendo passar a noite em claro, nosso herói sucumbe à tentação e apela para São Google, o padroeiro dos internautas desesperados.

São Google atende então o seu pedido. À luz da verdade, tudo que Alex consegue dizer é: “Como eu não percebi isso? Estava tão evidente!”.

Resignado, desliga o computador. Já deitado, pensa: “Não tinha letra A! Não tinha letra A!”

E finalmente adormece.