Noite fria de verão
 
Noite fria de verão e eu aqui pensando. As nuvens visíveis tornam as estrelas invisíveis e um vento prenunciando a chuva que mal se foi e já está voltando faz com que eu sinta um arrepio. Fecho a janela e volto para a minha escrivaninha e recomeço, com a ajuda dos dedos e dos olhos, a pensar. Penso sobre o meu ofício de escritora, ou meu vício, porque ofício pressupõe uma renda e vício, despesa, então decido que escrever não é meu ofício, é meu vício e assim ficamos todos esclarecidos.
Ando muito empolgado com a volta do hábito de contar histórias eu, que cresci embalada por elas. Contar história, ouvir histórias. Ler e escrever. Qualquer uma destas atividades exige a presença da Alma e do Espírito. É claro que também precisamos da mente e dos sentidos percebíveis, porque sem eles uma boa história não se revelaria. Mas uma boa história sem a presença da Alma e do Espírito é uma história morta, tediosa. E só entramos no âmago de uma história, seja lendo, escrevendo, contando ou ouvindo se pudermos contar com a participação da Alma e do Espírito. Neste instante estou escrevendo para mim, mas sei que alguém vai ler esta crônica e mesmo sendo um único leitor, merece explicação.
   São palavras simples as que vou usar, porque é na simplicidade que as maiores verdades são reveladas. Não importa que o que vou escrever agora seja A Verdade, o que importa é que é a face da verdade que eu consegui atingir e para isso busquei os três caminhos fundamentais: o caminho da Mente que raciocina, o caminho da Alma que sente e o caminho do Espírito que ilumina. Usamos a mente para pensar, a alma para sentir e o Espírito para compreender. Sei que muitas pessoas consideram Alma/Espírito como sendo a mesma coisa, mas dentro do que aprendi, não são. A Alma, aquilo que anima o corpo, lhe dá vida, é tão mortal quanto ele. Mas o Espírito... o Espírito não. Fragmento do eterno o Espírito é incorruptível e se utiliza do corpo e da alma para realizar a sua evolução e novamente se integrar ao eterno. Já a Mente e a Alma nem sempre funcionam bem e muitas vezes não deixa o espírito se manifestar, o que atrasa sua evolução.
Após essa explicadinha sobre o que a minha Mente pensa e a minha Alma sente, graças à manifestação do meu Espírito, é que cheguei à conclusão que só quando os três estão agindo em acordo mútuo é que consigo escrever uma boa história.
Não sei se me fiz entender, mas tenho certeza de que usei corretamente a Mente, que a Alma atuou sobre ela...,  mas o Espírito!!! Esse de vez em quanto acha minha Mente muito petulante, a minha Alma ingênua e se faz de morto... finge que não me ouve quando o chamo. (Lavras, 29 de dezembro de 2009)