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Molhando a bundinha

Vincent Benedicto


Outro dia conversando com um cronista – meu amigo – ele disse-me que já estava saturado de sua profissão porque não tinha mais assunto interessante para  fazer uma boa crônica. Discordei dele! Tenho tantos assuntos e não tenho tempo de publicá-los. Para começar a semana, escolhi um tema banal, mas ao mesmo tempo curioso e informativo. Tudo é cultura!

Pouca gente sabe, mas a idéia das anilhas nos charutos foi de uma mulher. Como não podia ser diferente, sempre preocupada com a estética, a delicadeza, o toque feminino, a Rainha Victoria da Rússia por volta de mil oitocentos e guaraná com rolha, pediu a colocação de uma fita de seda envolvendo os charutos que degustava para evitar que os mesmos manchassem suas luvas brancas.
"Na última etapa do processo de fabricação, a colocação da anilha é o que podemos considerar como a identidade de um charuto, uma vez que depois de retirado da caixa, dificilmente podemos dizer qual é a sua marca sem a anilha. Sua origem tem duas versões diferentes, segundo o repórter Cesar Adames da Taste notícias. A primeira dá conta que a Rainha Victoria da Rússia pediu a colocação de uma fita de seda envolvendo os charutos que degustava, para evitar que os mesmos manchassem suas luvas brancas. A segunda tinha como objetivo evitar que a folha de capa se soltasse. Independente das versões acima, é certo que o responsável pelo uso comercial das anilhas foi o holandês Gustav Bock, um dos primeiros europeus, além dos espanhóis, a produzir charutos em Cuba. Bock começou a colocar as anilhas nos charutos fabricados em sua fábrica para diferenciá-los da grande concorrência que existia na época.

O uso das anilhas tornou-se muito comum por volta de 1850 e assim como as caixas de charutos, elas começaram a ser encontradas em grande diversidade. Logo apareceram modelos personalizados, a marca Romeo y Julieta foi a primeira em Cuba a ter um charuto com anilha personalizada. Essa idéia atraiu fumadores ricos, como o pianista Artur Rubinstein que pagava para ter seu nome estampado em charutos que mandava fazer especialmente para fumar e distribuir entre seus amigos. Outro fumador famoso que teve seu nome impresso em uma anilha e virou até medida de charuto foi o primeiro ministro britânico Winston Churchill. Da mesma forma o chanceler alemão Bismark e o rei inglês Eduardo VII também tiveram seus rostos estampados em anilhas especiais.

Esse costume de produzir anilhas personalizadas permaneceu em Cuba até a revolução de 1959, quando as fábricas foram estatizadas pelo novo governo e passaram a comercializar os charutos somente com as anilhas tradicionais. Desde então, um mercado de anilhas para colecionadores começou a surgir sob o nome de Vitofilía, que vem a ser o ato de colecionar as anilhas dos charutos sendo que algumas coleções podem chegar a valer até dez mil dólares.

Independente do ato de colecionar ou não as anilhas, uma questão sempre é debatida. Devemos ou não tirar o anel para fumar um charuto? Esta é uma decisão que cabe única e exclusivamente ao fumador. Em alguns países é considerada falta de educação exibir a marca do charuto, pois pode parecer ostentação. Esta questão de etiqueta é cada vez mais ignorada nos Estados Unidos e em outros países. Não existe razão para tirar a anilha, mas se você quiser fazê-lo não retire logo no início, pois sua retirada poderá danificar a folha da capa. Espere ter fumado um pouco, pois o calor do charuto irá soltar a cola da anilha facilitando sua retirada. ( Por Cesar Adames )".

Existem várias pessoas que gostam de degustar charutos em ocasiões especiais. Eu não tenho o hábito, mas quando degusto gosto de "molhar a bundinha” dele no “Cointreau” ou no Aniz. Fica uma delícia.

E para finalizar, enquanto mais da metade da população no mundo morre de fome, alguns se preocupam com a falta de educação de tirar ou não as anilhas dos charutos! É mole?



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Vincent Benedicto
Enviado por Vincent Benedicto em 24/07/2006
Reeditado em 24/07/2006
Código do texto: T200592