Juventude
Ser moço, ainda adolescente, é muito confortável quando apenas se estuda.
Era o caso. Não necessitando trabalhar, fazia o seu curso ginasial, logo sucedido pelo complementar. Época que o secundário completo ainda era o ginasial, de quatro anos, e o científico ou clássico, de três.
O colégio era público e excelente, melhor do que qualquer outro particular.
Disciplina rígida sem ser ditatorial. Misto. Época que ainda não se conheciam os malefícios do cigarro. Todo maior de quatorze anos, desde que o pai, mãe ou responsável autorizasse na caderneta o uso do fumo, longas tragadas eram feitas, na hora do recreio. Nos intervalos entre uma e outra aula também. O banheiro era fumaça pura.
Professores rigorosos, alguns tidos como carrascos. Esta fama sempre a teve o lente de matemática. Mas qual! Muitos outros competiam com ele; alguns bem piores. Estaria certa esta política educacional? Nunca foi estudada. Mas no Rio, o “Pedro II”, o “La-Fayette” e o “Santo Inácio”, estes dois últimos particulares, formavam excelentes alunos.
Em Niterói, era o Liceu “Nilo Peçanha”, público e o mais rigoroso. Foi aonde ele fez o seu curso. Quem foi aluno, sente saudades. Educação de primeira linha. Mas acho uma coisa interessante. Começou a estudar francês no primeiro ano ginasial. Inglês, no segundo. Ou foi péssimo aluno, ou todos estes anos não valeram de nada.
Como a mãe falava com desembaraço o francês, aos cinco anos já sabia muita coisa, se é permitida a palavra.
Mas não é isto que quero dizer. Havia moças lindas, apaixonou-se perdidamente por diversas. Aconteceu o mesmo fato comigo, como era de esperar-se. Mas estava numa crise de paixão e não pude avaliar a linda moça que se declarou a mim. Perdão! Fui inclusive bastante mal-educado, disse que já tinha namorada. Mentira pura! A moça era linda...
Aos dezessete anos de idade, declarou sua vontade.
- Talvez – foi a resposta.
Talvez de mulher quer dizer nunca, neste caso. O que ele só veio a saber bem mais tarde.