PESQUISADORES BOLIVARIANOS
Pesquisadores bolivarianos
Tudo que ele diz a mídia propaga. Um dia, ouvir-se-ia a reação d’alguma incontinente autoridade, como a do monarca espanhol, de dedo em riste a Hugo Chávez com o divulgado “Por qué no te callas?”. Sem efeito! Ninguém se calou naquelas terras que não pertencem mais à América espanhola e seguem os ideais de Simón Bolívar. Dessa vez, a venezolana Federação de Sociedades de Biologia Experimental reclamou ao Presidente brasileiro que estaria sofrendo perseguição política do polêmico Presidente Chávez que se explicou, afirmando: os cientistas daquele país “hermano” deveriam “abandonar projetos obscuros, como buscar vida em Vênus e se fazerem úteis às favelas”. Se esse é o caso, antes de Lula, atrevo-me opinar sobre o assunto.
A verdade é que, num país de desigualdades imensas, a pesquisa, financiada com recursos públicos, deve seguir uma política de adequação à realidade e às exigências sociais, respeitando-se todavia a constitucional liberdade de pesquisa, a qual se justifica por si mesma, enquanto consequência do espírito de busca e provocadora do avanço do saber. De modo independente, essa busca (aletheia) é renovação constante do conhecimento. Daí, a Instituição de Ensino Superior, que apenas dá aulas, reserva-se tão somente a uma das suas finalidades, praticando uma filosofia incompleta, sem efetivas contribuições ao saber. Ao mesmo tempo, instituições e pesquisadores devem se preocupar com a problemática da sociedade onde vivem, dando prioridade à pesquisa aplicada às necessidades imediatas do povo e do seu contexto socioeconômico. Por sua vez, o Estado não apenas pode, mas deve definir sua política de pesquisa e as prioridades para a alocação de recursos.
Nesse sentido, aqui ou na Venezuela, os pesquisadores certamente não pesquisarão o já pesquisado; tampouco perderão a liberdade da pesquisa em razão de diretrizes governamentais para seu campo de ação nem, em nome da liberdade, utilizarão recursos públicos em hipóteses já confirmadas ou, pelo seu bel-prazer, pesquisarão o inexistente sexo dos anjos. Afinal, os problemas daqui, na terra, do nosso país e do nosso povo, são mais próximos e mais nossos do que os provavelmente existentes em Vênus ou em Marte.
Pesquisadores bolivarianos
Tudo que ele diz a mídia propaga. Um dia, ouvir-se-ia a reação d’alguma incontinente autoridade, como a do monarca espanhol, de dedo em riste a Hugo Chávez com o divulgado “Por qué no te callas?”. Sem efeito! Ninguém se calou naquelas terras que não pertencem mais à América espanhola e seguem os ideais de Simón Bolívar. Dessa vez, a venezolana Federação de Sociedades de Biologia Experimental reclamou ao Presidente brasileiro que estaria sofrendo perseguição política do polêmico Presidente Chávez que se explicou, afirmando: os cientistas daquele país “hermano” deveriam “abandonar projetos obscuros, como buscar vida em Vênus e se fazerem úteis às favelas”. Se esse é o caso, antes de Lula, atrevo-me opinar sobre o assunto.
A verdade é que, num país de desigualdades imensas, a pesquisa, financiada com recursos públicos, deve seguir uma política de adequação à realidade e às exigências sociais, respeitando-se todavia a constitucional liberdade de pesquisa, a qual se justifica por si mesma, enquanto consequência do espírito de busca e provocadora do avanço do saber. De modo independente, essa busca (aletheia) é renovação constante do conhecimento. Daí, a Instituição de Ensino Superior, que apenas dá aulas, reserva-se tão somente a uma das suas finalidades, praticando uma filosofia incompleta, sem efetivas contribuições ao saber. Ao mesmo tempo, instituições e pesquisadores devem se preocupar com a problemática da sociedade onde vivem, dando prioridade à pesquisa aplicada às necessidades imediatas do povo e do seu contexto socioeconômico. Por sua vez, o Estado não apenas pode, mas deve definir sua política de pesquisa e as prioridades para a alocação de recursos.
Nesse sentido, aqui ou na Venezuela, os pesquisadores certamente não pesquisarão o já pesquisado; tampouco perderão a liberdade da pesquisa em razão de diretrizes governamentais para seu campo de ação nem, em nome da liberdade, utilizarão recursos públicos em hipóteses já confirmadas ou, pelo seu bel-prazer, pesquisarão o inexistente sexo dos anjos. Afinal, os problemas daqui, na terra, do nosso país e do nosso povo, são mais próximos e mais nossos do que os provavelmente existentes em Vênus ou em Marte.