TSUNAMI
Damião Ramos Cavalcanti
Não havia escutado com tanta frequência esta palavra esquisita, pouco parecida com coisa da linguagem corrente. Pudera! essa alienígena vem do outro lado do mundo, do idioma japonês, significando “onda gigante”, provocada naqueles distantes oceanos por distúrbios sísmicos, terremotos, erupções vulcânicas, talvez por queda de meteoro, cuja explosão equivale até dois ou três megatons. Emocionante a cena do filme em que o filho de uma das ilhas nipônicas oferece um prato de arroz ao mar, como se fosse oferenda a Iemanjá, para que ele sossegue, não invada suas casas, permaneça no seu lugar, considerando a praia limite da boa convivência.
Confesso certo temor. Durmo e acordo, vendo, do meu alpendre, o gigantismo do mar. E recordo comentários de que ele, há tempos remotos, quebrava suas ondas na barreira que separa o bairro São José, do Jardim Luna, invadindo o rio Jaguaribe. Isto é, lavava a distante retaguarda do meu quintal, marcando, como cachorro, a propriedade do seu espaço. Às vezes, me interrogo: as águas farão valer a profecia “o sertão vai virar mar, e o mar virar sertão”? Além do mais, vem o jornal nos avisar que a Paraíba poderá ser atingida por um tsunami com ondas de cinquenta metros. E a Veja nº 44, comenta o filme 2012, sobre o calendário “que reaviva esse temor”. Imaginei morar nas nossas arcas de Noé, cidades montanhosas como Campina Grande, Teixeira, Areia, Serraria, Araruna, Bananeiras, Solânea ou pela Serra do Pirauá, nas vizinhanças de Salgado de São Félix, Natuba e Umbuzeiro. Que minta a imprensa!
Os ambientalistas reclamam a terra invadindo os oceanos. Muito mais: o homem, predador da natureza, apedreja o mar, jogando lixo e detritos nas águas; enfim, provoca-o com insultos e baixarias. Quem sabe se esses distúrbios sísmicos sejam apenas rancor da grande água e ameaças de sua vingança? Distante daqui, morre Ana Isabel, da família campinense Pinheiro da Silva. Ana dominou profundezas e águas calmas dos açudes; nadou em pé e deitada nas pacíficas águas de rios e saltou resignadas ondas de nossas praias, mas, não resistiu à fúria do tsunami de Samoa. O mar está em toda a Terra, semelhante à onipresença das divindades. Que os tsunamis nos deixem em paz com a promessa da natureza ser bem tratada. Esta é a única oferenda que apazigua o poderoso mar.
Damião Ramos Cavalcanti
Não havia escutado com tanta frequência esta palavra esquisita, pouco parecida com coisa da linguagem corrente. Pudera! essa alienígena vem do outro lado do mundo, do idioma japonês, significando “onda gigante”, provocada naqueles distantes oceanos por distúrbios sísmicos, terremotos, erupções vulcânicas, talvez por queda de meteoro, cuja explosão equivale até dois ou três megatons. Emocionante a cena do filme em que o filho de uma das ilhas nipônicas oferece um prato de arroz ao mar, como se fosse oferenda a Iemanjá, para que ele sossegue, não invada suas casas, permaneça no seu lugar, considerando a praia limite da boa convivência.
Confesso certo temor. Durmo e acordo, vendo, do meu alpendre, o gigantismo do mar. E recordo comentários de que ele, há tempos remotos, quebrava suas ondas na barreira que separa o bairro São José, do Jardim Luna, invadindo o rio Jaguaribe. Isto é, lavava a distante retaguarda do meu quintal, marcando, como cachorro, a propriedade do seu espaço. Às vezes, me interrogo: as águas farão valer a profecia “o sertão vai virar mar, e o mar virar sertão”? Além do mais, vem o jornal nos avisar que a Paraíba poderá ser atingida por um tsunami com ondas de cinquenta metros. E a Veja nº 44, comenta o filme 2012, sobre o calendário “que reaviva esse temor”. Imaginei morar nas nossas arcas de Noé, cidades montanhosas como Campina Grande, Teixeira, Areia, Serraria, Araruna, Bananeiras, Solânea ou pela Serra do Pirauá, nas vizinhanças de Salgado de São Félix, Natuba e Umbuzeiro. Que minta a imprensa!
Os ambientalistas reclamam a terra invadindo os oceanos. Muito mais: o homem, predador da natureza, apedreja o mar, jogando lixo e detritos nas águas; enfim, provoca-o com insultos e baixarias. Quem sabe se esses distúrbios sísmicos sejam apenas rancor da grande água e ameaças de sua vingança? Distante daqui, morre Ana Isabel, da família campinense Pinheiro da Silva. Ana dominou profundezas e águas calmas dos açudes; nadou em pé e deitada nas pacíficas águas de rios e saltou resignadas ondas de nossas praias, mas, não resistiu à fúria do tsunami de Samoa. O mar está em toda a Terra, semelhante à onipresença das divindades. Que os tsunamis nos deixem em paz com a promessa da natureza ser bem tratada. Esta é a única oferenda que apazigua o poderoso mar.