Ano-velho: na hora do adeus
Aos pouco vou me despedindo de 2009.
Já tirei de circulação a agenda que me acompanhou durante o ano que agora agoniza. Da minha escrivaninha para o meu arquivo morto. De lá só sairá se minha memória, já tão cansada, exigir uma dica que, de repente, deixei registrada em uma de suas páginas.
Também retirei da parede do meu gabinete de trabalho e de sonhos o colorido calendário, com pequeninas folhas descartáveis. Mal o sol nascia, e ele, indócil, me avisava o avanço inexorável do tempo.
Quando este ou aquele dia era de felicidade plena, a folha do meu calendário permanecia intocável por um bom tempo. Quero dizer: não a descartava como era de se esperar. Por que guardar o ontem? Alguém haverá de perguntar...
Algumas dessas folhazinhas (deixem-me usar o diminutivo tão do agrado do Manuel Bandeira) estão escondidas nas entranhas de um livro qualquer de minhas estantes.
Guardo-as assim; e digo por que resolvi mantê-las intactas: aqui pra nós, nelas eu recordo surpreendentes momentos de minha vida; do meu dia-a-dia. Momentos alegres.
Minhas mágoas, tristezas, decepções, desilusões, esses momentos não deixei registrados. Meus maus momentos irão comigo pro inferno ou pro céu.
E aqui concordo com a Danuza Leão quando afirma, na sua última crônica, talvez deste ano, que os tempos ruins "esses são para guardar no fundo do coração, são só nossos e não se divide com ninguém".
Embora que somente às traças interessam as folhas escondidas do meu calendário, ainda assim tenho recomendado aos meus herdeiros a não se desfazerem de um só dos meus livros sem antes folheá-los com paciência, compreensão e maternal carinho.
Como todo mundo faz, também andei rasgando papeis que pelo menos há um quinquênio abarrotavam minhas gavetas. Num clima de despedida, rasguei velhos e-mails, velhos bilhetes, crônicas inacabadas, e outras que interrompera, arrependido de havê-las começado.
Mas neste rasga-rasga de fim de ano, sempre surgem boas surpresas. Por exemplo: crônicas apaixonadas escritas para uma determinada pessoa e que por causa "disso ou daquilo" jamais serão publicadas...
Versinhos ousados, frases de efeito, postos descuidadamente numa folha de caderno ou de um bloquinho amigo, fazendo juras de amor e que "por isso ou aquilo" jamais serão publicados...
Tive, porém, o cuidado de não romper, de não rasgar cartas, cartões, bilhetes e até endereços que me falavam muito perto ao coração.
Rasgá-los, destruí-los, seria aniquilar, e de maneira irreparável, tudo aquilo que, DE BOM, os anos até aqui vividos, me trouxeram, para, afinal, alimentando meus devaneios, me fazer uma pessoa feliz...
Nota - Foto tirada em Praga, outubro de 2009. Desejo um "Feliz ano-novo!" a todos os amigos que se dão ao trabalho de visitar meu site. Prometo escrever mais bobagens em 2010.
Aos pouco vou me despedindo de 2009.
Já tirei de circulação a agenda que me acompanhou durante o ano que agora agoniza. Da minha escrivaninha para o meu arquivo morto. De lá só sairá se minha memória, já tão cansada, exigir uma dica que, de repente, deixei registrada em uma de suas páginas.
Também retirei da parede do meu gabinete de trabalho e de sonhos o colorido calendário, com pequeninas folhas descartáveis. Mal o sol nascia, e ele, indócil, me avisava o avanço inexorável do tempo.
Quando este ou aquele dia era de felicidade plena, a folha do meu calendário permanecia intocável por um bom tempo. Quero dizer: não a descartava como era de se esperar. Por que guardar o ontem? Alguém haverá de perguntar...
Algumas dessas folhazinhas (deixem-me usar o diminutivo tão do agrado do Manuel Bandeira) estão escondidas nas entranhas de um livro qualquer de minhas estantes.
Guardo-as assim; e digo por que resolvi mantê-las intactas: aqui pra nós, nelas eu recordo surpreendentes momentos de minha vida; do meu dia-a-dia. Momentos alegres.
Minhas mágoas, tristezas, decepções, desilusões, esses momentos não deixei registrados. Meus maus momentos irão comigo pro inferno ou pro céu.
E aqui concordo com a Danuza Leão quando afirma, na sua última crônica, talvez deste ano, que os tempos ruins "esses são para guardar no fundo do coração, são só nossos e não se divide com ninguém".
Embora que somente às traças interessam as folhas escondidas do meu calendário, ainda assim tenho recomendado aos meus herdeiros a não se desfazerem de um só dos meus livros sem antes folheá-los com paciência, compreensão e maternal carinho.
Como todo mundo faz, também andei rasgando papeis que pelo menos há um quinquênio abarrotavam minhas gavetas. Num clima de despedida, rasguei velhos e-mails, velhos bilhetes, crônicas inacabadas, e outras que interrompera, arrependido de havê-las começado.
Mas neste rasga-rasga de fim de ano, sempre surgem boas surpresas. Por exemplo: crônicas apaixonadas escritas para uma determinada pessoa e que por causa "disso ou daquilo" jamais serão publicadas...
Versinhos ousados, frases de efeito, postos descuidadamente numa folha de caderno ou de um bloquinho amigo, fazendo juras de amor e que "por isso ou aquilo" jamais serão publicados...
Tive, porém, o cuidado de não romper, de não rasgar cartas, cartões, bilhetes e até endereços que me falavam muito perto ao coração.
Rasgá-los, destruí-los, seria aniquilar, e de maneira irreparável, tudo aquilo que, DE BOM, os anos até aqui vividos, me trouxeram, para, afinal, alimentando meus devaneios, me fazer uma pessoa feliz...
Nota - Foto tirada em Praga, outubro de 2009. Desejo um "Feliz ano-novo!" a todos os amigos que se dão ao trabalho de visitar meu site. Prometo escrever mais bobagens em 2010.