Quando eu tinha dezesseis anos...

Nunca fui o figurino da hora. Aos dezesseis anos, então... Baixinha, gordinha, cabelo encaracolado... E de óculos! Nada a ver com as outras meninas, por mim consideradas ‘normais’. E ainda ia para o colégio com aquele uniforme que todo mundo achava esquisito...

Mesmo assim, eu me divertia bastante. A turma do bairro era animada e minha casa bem movimentada. Quase todo sábado íamos a festinhas, naquela época bailinhos na sala de jantar (com a mesa afastada) da casa de alguém. Sempre regadas a whisky, on the rocks ou com guaraná. Ao som de Elvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Pat Boone, Ray Conniff...

Eu chegava acompanhada de um bando de rapazes, o que deixava todas meninas com inveja. Só que elas não sabiam que eram meus irmãos, meus primos e os amigos deles...

Eu dançava e gostava. Mas assim que um bonitão desconhecido (quer dizer, novo no pedaço) ia me ‘tirar’ pela segunda vez, um daqueles ‘herois’ corria em minha direção. Quando eu conseguia driblar a vigilância deles era uma vitória! Mas no dia seguinte...

Reunida a turma na calçada em frente de casa, os meninos se punham, sem dó nem piedade, a imitar os gestos do pobre rapaz. Lá se iam minhas esperanças... Bye, bye, bonitão...