PARÁBOLAS APÓCRIFAS. Eles Votam!
Vulpino Argento, o demente, entra esbaforido em minha “caverna de escrevinhanças e de outras lambanças,” e diz: “Divino Mestre (eu odeio quando ele me trata assim) descobri, descobri!”
Curioso, e meio apavorado, logo indaguei com a voz tremula e bem fininha – “o que Vúlpi, o que é que tu descobriste?”
- “A verdade DM, (fico furioso quando ele me chama de De Eme) descobri a verdade!”
- “Sim, e o que é a verdade?” - perguntei como se fosse um Poncio Pilatos do Terceiro Milênio ainda cheio de dúvidas.
- “Não sei DM, só sei que descobri quem são, de verdade, os eleitores desse nosso país, graças ao Frade Ricardo”.
- “Frade Ricardo? - perguntei já a meio caminho de adivinhar quem era.”.
- “Sim, Divino Mestre. Ele é sábio. Disse que conhece o senhor, minha santidade, há mais de 10 anos. Ele explicou tudo em poucas palavras, em pequenos sermões, em parabólas”.
- “Muito bem, Vúlpi, e quem são esses verdadeiros eleitores dessas parábolas, que é como se diz? – perguntei corrigindo o energúmeno”.
- “É assim: parábola da geladeira. ¹Nesses tempos de hoje, um homem resolveu comprar uma geladeira nova nas Casas Bahia, agora do Abílio Diniz, e para se ver livre da antiga e velha, fez o que achou melhor. Colocou a velha geladeira na rua, na frente da casa, com o seguinte aviso: ²Geladeira de graça. Quem quiser pode levar. Dias e dias se passaram e a geladeira continuava na frente da casa. O homem pensou: ninguém acredita na verdade. Então, ao anoitecer, mudou o aviso; vende-se essa geladeira. À vista R$ 10,oo. ³No dia seguinte a geladeira havia sido roubada. E o homem concluiu: quem rouba geladeira também vota!
Parábola do corretor.
Nesses tempos de hoje, um homem e uma mulher ¹resolveram alugar uma casa para morar; já que não participavam do Programa Minha Casa Minha Vida. Assim que encontraram a Sua Casa Imprópria, porém dos sonhos deles, perguntaram ao corretor de que lado era o Norte. Isso porque ²não queriam uma casa com os quartos para o nascente; não queriam acordar com o sol todas as manhãs. O corretor então intrigado perguntou: mas o sol nasce ao norte, senhor?
O homem explicou que não. Que o sol nasce ao leste. E a mulher complementou: há muito tempo senhor corretor.
Então o corretor, com cara de surpresa e de paisagem disse: é claro, é que eu não ³me mantenho atualizado o suficiente a respeito desse tipo de assunto.
E o homem e a mulher concluíram: ele também vota.
Parábola do horário.
Nesses tempos de hoje no Norte e no Nordeste ¹não há horário de verão; essa bobagem inútil funciona apenas no resto “desçe paísz”. O Suporte Técnico de uma empresa de uma dessas regiões recebeu uma ligação de alguém perguntando:
_ Alô, que horas o ST está aberto?
_ O Suporte Técnico estará sendo ²disponibilizado às 24 horas do dia todos os sete dias da semana, senhor.
_ Sim, mas pelo horário de Brasília ou daqui da minha região?
- Da sua região, senhor – respondeu para evitar uma catástrofe e pensou com seus portugueses botões; ³ele também vota!
Parábola do conversível.
Nesses tempos de hoje uma jovem universitária ¹repórter/estagiária no www.jornalismo/newsendnoticias.com - comentava com sua amiga a respeito das queimaduras de sol que havia tido ao ir de Porto Alegre ao Pinhal num ²carro conversível num dia ensolarado.
- Que queimaduras horríveis eu tive, amiga!
- Na praia?
- Não amiga, eu estava num conversível. ³Porra, - exclamou exultante - eu não pensei que ficaria queimada porque o carro estava em movimento.
- Você também vota né? - perguntou à amiga.
- É claro, né amiga! - respondeu a pré-jornalista.
Parábola do cinto de segurança.
Nesses tempos de hoje um certo e ¹dito vereador – escolhido Vereador do Ano em 2008, por sua sagacidade - tem uma ferramenta salva-vidas no carro para cortar o cinto de segurança. Isso para o caso dele ²ficar preso no cinto num acidente. Nunca se sabe. Porém, por precaução, ele guarda a ferramenta no porta-malas do ³carro.
Vereadores também votam.
Parábola do desconto.
Nesses tempos de hoje dois amigos foram ¹comprar cerveja para uma festa. No supermercado havia uma promoção: engradados de cerveja tinham 10% de desconto. Resolveram então aproveitar e levar dois engradados de cerveja. No caixa ²a jovem funcionária multiplicou 10% por dois e deu um desconto de 20%.
Os dois amigos disseram, ao mesmo tempo, ³bebendo as palavras: ela também vota!
Parábola da bagagem.
Nesses tempos de hoje ¹Zé da Silva, de volta ao Brasil, não encontra suas malas na área das bagagens do aeroporto Tom Jobim. Zé foi então ao setor de Bagagens Extraviadas e disse a atendente, ²uma linda mulher de olhos verdes: minhas malas não apareceram na esteira de bagagens.
Ela sorriu e ³olhou com seus olhos esverdeados de esperança para não deixar o viajante preocupado, e demonstrando ser uma profissional competente e bem treinada, disse: senhor, apenas me informe: o seu avião já chegou?
Zé da Silva, que sempre foi um homem livre, balbuciou: ela também vota!
Parábola das fatias de pizza.
Nesses tempos de hoje um homem pediu uma pizza Frei Mansueto ¹na Cantina do Frade. Minutos depois com a pizza pronta o pizzaiolo pergunta ao homem se ele quer que corte a pizza em quatro ou em seis pedaços. O homem, indeciso, ²como a indecisão de que qual cargo deveria se candidatar se fosse candidato, é claro, coçou a testa. Depois, respondeu categórico. – Corte em quatro pedaços; ³acho que não estou com fome suficiente para comer seis pedaços.
O pizzaiolo, que não vota aqui porque é italiano, cantarolou: egli ha anche voti!!!!
Parábola da orelha.
Nesses tempos de hoje uma mulher morena, olhos verdes e um ar de quem chegou para decidir tudo, ¹fez um transplante de orelhas.
- “A cirurgia foi um sucesso”! – disse o médico ²pensando em sua conta bancária.
- “Doutor - pergunta a mulher ao médico cirurgião - as orelhas transplantadas pertenciam a uma loura?”.
- “Por que essa pergunta?” - questiona o médico. A mulher responde: “é que agora estou ³escutando tudo com clareza, mas não estou entendendo nada!”
O médico, sem receio de ser entendido, resmunga: essa também vota!
- “Caríssimos irmãos, essas são apenas algumas das milhares de parábolas que encontramos nos Livros Apócrifos das Eleições, que pretendem mostrar quem elege os políticos!” - disse animado, Frade Ricardo.”
Vulpino Argento, o demente, farfalhante e retumbante proclama: “e nós descobrimos a verdade, meu Divino Mestre.”
E eu, entretanto, com meus escassos conhecimentos sobre parábolas e eleitores, descobri porque o local onde votamos chama-se Zona Eleitoral.