OVO FRITO-PRATO PREFERIDO!
Noite chuvosa, fria, estômago vazio, porém, nem se compara àquela do começo dos anos sessenta. Ainda garoto vagava por aqueles sertões, de volta da cidade onde fora a tratamento da malária que me acometera. Fraco, hemoglobina baixa, glóbulos vermelhos estourados pela tal doença, fígado intoxicado devido ação dos antimaláricos.
Pra casa tudo é mais fácil quando se pega carona em ônibus de amigo. Mas quando no final da linha falta combustível a mover seu próprio maquinismo corporal, a coisa fica sem graça. No ponto final daquele bendito ônibus intermunicipal do “Nego Do Zé Chico”, estava aquele armazém que tinha tudo o que eu precisava: Pão com mortadela. Mas o dono me disse que não costumava vender fiado. E ponto final! Então era só repousar no derradeiro banco do coletivo, com a permissão do dono, e controlar a maldita fome até Deus sabe quando.
Conciliava o sono quando o bendito "vendeiro" bate à porta traseira. Será assalto? Naqueles sertões quase nem se via tais profissionais do alheio. Caso me assaltasse morreriam de susto ou de fome! – Minha mulher vai fritar uns ovos pro cê cumê com arrôis. Logo chega a mim o prato mais delicioso desta vida! Se no momento me faltou coragem, bons modos, para agradecimentos, hoje sou pródigo em agradecimentos a Deus pelo gesto misericordioso daquela família que me matou a fome. À frente da minha casa que não saia ninguém sem forrar um pouco do estômago, quando necessitado.
O prato de arroz com ovo frito desta noite, preparado por minha esposa, me fez lembrar com gratidão, daquela noite a quase cinquenta anos!
Cruz. Velho-Brasília, 28/12/09
Noite chuvosa, fria, estômago vazio, porém, nem se compara àquela do começo dos anos sessenta. Ainda garoto vagava por aqueles sertões, de volta da cidade onde fora a tratamento da malária que me acometera. Fraco, hemoglobina baixa, glóbulos vermelhos estourados pela tal doença, fígado intoxicado devido ação dos antimaláricos.
Pra casa tudo é mais fácil quando se pega carona em ônibus de amigo. Mas quando no final da linha falta combustível a mover seu próprio maquinismo corporal, a coisa fica sem graça. No ponto final daquele bendito ônibus intermunicipal do “Nego Do Zé Chico”, estava aquele armazém que tinha tudo o que eu precisava: Pão com mortadela. Mas o dono me disse que não costumava vender fiado. E ponto final! Então era só repousar no derradeiro banco do coletivo, com a permissão do dono, e controlar a maldita fome até Deus sabe quando.
Conciliava o sono quando o bendito "vendeiro" bate à porta traseira. Será assalto? Naqueles sertões quase nem se via tais profissionais do alheio. Caso me assaltasse morreriam de susto ou de fome! – Minha mulher vai fritar uns ovos pro cê cumê com arrôis. Logo chega a mim o prato mais delicioso desta vida! Se no momento me faltou coragem, bons modos, para agradecimentos, hoje sou pródigo em agradecimentos a Deus pelo gesto misericordioso daquela família que me matou a fome. À frente da minha casa que não saia ninguém sem forrar um pouco do estômago, quando necessitado.
O prato de arroz com ovo frito desta noite, preparado por minha esposa, me fez lembrar com gratidão, daquela noite a quase cinquenta anos!
Cruz. Velho-Brasília, 28/12/09