A FLOR E O FRUTO
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Estava recostada na rede da varanda apreciando e escutando os sons das coisas. O ano dizendo adeus em prolongado feriado... Dando tempo ao Novo se instalar.
Antes de contar o zunzum na varanda entre as plantas e passarinhos, preciso esclarecer para a Flor Enigmática e para todas as outras Flores, Escritores e Poetas do Jardim do Recanto que, a pequena árvore que me foi informada ser um pé de açaí, na verdade descobri tratar-se de um pé de acerola. Pela enciclopédia, o pé do açaí é uma palmeira que dá cachos carregados de açaís.
Enquanto ela e outras irmãs floriam e encantavam, notei uma bolinha verde, bem grandinha para a delicadeza do galho que a sustenta e culpei meus olhos de não estar vendo bem. Aproximei os olhos e a mão. Toquei. Era uma fruta, coisa pequena, verde liso e brilhante. Do tamanho aproximado de um centímetro e meio de diâmetro. Um só fruto pesadinho, mas tão fruto, tão cheio de vida!
Eu queria correr e contar pra todo mundo aquela acontecência, bem ali numa varandinha do Rio de Janeiro. Uma fruta de acerola vivinha e recém-nascida.
Mas apenas soltei o corpo na rede recém lavada, fofa e fresquinha, e ouvindo os sons dos passarinhos, do vento, da flor e do fruto.
A flor é mais supérflua em aparência e mais questionadora em profundidades que o fruto, tem preocupações estéticas de harmonia e entendimento das coisas. É meiga como a menina desabrochando no despertar da mulher.
E a Flor dizendo: “_ Fruto, senti seu papo com apreciações comparativas. Sabe? Eu não acho esse caminho adequado. Fazer uma comparação entre duas coisas diferentes é o maior equívoco. Não percebe?
Ocorre muito entre o homem e a mulher. Eles só se entendem bem quando não comparam nada entre si, nem como os demais semelhantes. É uma tolice fazer comparação, além de ser um desrespeito. Cada um é único. Cada um tem sua própria essência, sua própria beleza ou feiúra. Feiúra também não é um demérito. Coisa que fica feia ou é feio tem sua razão de ser. A diferença é exatamente o encanto de cada um. A singularidade é que dá a qualidade e o sabor. É preciso saber viver. E quando não se sabe, o sabido inventa a sua diferença.
Fruto, você é pragmático; é preciso abrir mais o horizonte, o olhar atento; há sutilezas em cada espécie, que a torna singular! É nisto, que a Natureza é tão bela e grandiosa. Todos participam do Encanto da Vida. Unidos compõem a harmonia e a qualidade. Entre todos nós, que somos filhos da mesma Mãe construímos o equilíbrio e a paz. Está me ouvindo querido fruto?”
“_ Estou, Princesa da Beleza; sua voz é macia como o toque da pétala. Entendo até por que você é cantada em prosa e verso: é que você exala sabedoria, sintonia e sentimentos nobres. É você que habita o espírito do poeta. É você que decora as homenagens e os grandes eventos alegres e festivos. E é você a última que acompanha o homem em sua última morada.
Já vamos começar um ano novo e a sua presença abençoa a copa das árvores, e as crianças ficam mais alegres, e o trabalhador caminha mais animado para o seu dia. Sou seu irmão e companheiro. Para mim é uma honra ser seu vassalo. Você me faz sentir a minha própria beleza.
O que seria a vida sem uma flor?”
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Estava recostada na rede da varanda apreciando e escutando os sons das coisas. O ano dizendo adeus em prolongado feriado... Dando tempo ao Novo se instalar.
Antes de contar o zunzum na varanda entre as plantas e passarinhos, preciso esclarecer para a Flor Enigmática e para todas as outras Flores, Escritores e Poetas do Jardim do Recanto que, a pequena árvore que me foi informada ser um pé de açaí, na verdade descobri tratar-se de um pé de acerola. Pela enciclopédia, o pé do açaí é uma palmeira que dá cachos carregados de açaís.
Enquanto ela e outras irmãs floriam e encantavam, notei uma bolinha verde, bem grandinha para a delicadeza do galho que a sustenta e culpei meus olhos de não estar vendo bem. Aproximei os olhos e a mão. Toquei. Era uma fruta, coisa pequena, verde liso e brilhante. Do tamanho aproximado de um centímetro e meio de diâmetro. Um só fruto pesadinho, mas tão fruto, tão cheio de vida!
Eu queria correr e contar pra todo mundo aquela acontecência, bem ali numa varandinha do Rio de Janeiro. Uma fruta de acerola vivinha e recém-nascida.
Mas apenas soltei o corpo na rede recém lavada, fofa e fresquinha, e ouvindo os sons dos passarinhos, do vento, da flor e do fruto.
A flor é mais supérflua em aparência e mais questionadora em profundidades que o fruto, tem preocupações estéticas de harmonia e entendimento das coisas. É meiga como a menina desabrochando no despertar da mulher.
E a Flor dizendo: “_ Fruto, senti seu papo com apreciações comparativas. Sabe? Eu não acho esse caminho adequado. Fazer uma comparação entre duas coisas diferentes é o maior equívoco. Não percebe?
Ocorre muito entre o homem e a mulher. Eles só se entendem bem quando não comparam nada entre si, nem como os demais semelhantes. É uma tolice fazer comparação, além de ser um desrespeito. Cada um é único. Cada um tem sua própria essência, sua própria beleza ou feiúra. Feiúra também não é um demérito. Coisa que fica feia ou é feio tem sua razão de ser. A diferença é exatamente o encanto de cada um. A singularidade é que dá a qualidade e o sabor. É preciso saber viver. E quando não se sabe, o sabido inventa a sua diferença.
Fruto, você é pragmático; é preciso abrir mais o horizonte, o olhar atento; há sutilezas em cada espécie, que a torna singular! É nisto, que a Natureza é tão bela e grandiosa. Todos participam do Encanto da Vida. Unidos compõem a harmonia e a qualidade. Entre todos nós, que somos filhos da mesma Mãe construímos o equilíbrio e a paz. Está me ouvindo querido fruto?”
“_ Estou, Princesa da Beleza; sua voz é macia como o toque da pétala. Entendo até por que você é cantada em prosa e verso: é que você exala sabedoria, sintonia e sentimentos nobres. É você que habita o espírito do poeta. É você que decora as homenagens e os grandes eventos alegres e festivos. E é você a última que acompanha o homem em sua última morada.
Já vamos começar um ano novo e a sua presença abençoa a copa das árvores, e as crianças ficam mais alegres, e o trabalhador caminha mais animado para o seu dia. Sou seu irmão e companheiro. Para mim é uma honra ser seu vassalo. Você me faz sentir a minha própria beleza.
O que seria a vida sem uma flor?”