A DESCULPA É A CARA DA POLÍTICA
A DESCULPA É A CARA DA POLÍTICA
Em visita à casa de um amigo, que fazia tempo que não encontrava, tive o prazer de uma boa conversa, na qual tratamos de colocar em dia as novidades dos nossos fazeres e afazeres. Quando estávamos no auge do entusiasmo, alguém chama: “ô de casa!”. De pronto, o amigo pede licença e vai atender. Ouve atentamente um homem de baixa estatura, de meia idade e maltrapilho, a explicar que está numa pior, desempregado e com muita fome. O dono da casa, com a mesma prontidão do início, perguntou: onde o senhor mora? O pedinte retrucou: moro em Açu, mas vim pra cá a procura de emprego porque a situação lá tá braba; não tem o que a gente comer! Calmamente, o meu amigo formulou outra pergunta na hora: “em que o senhor trabalha?”. A resposta foi instantânea: “na pesca”. Ah, então o senhor deve conhecer a Barragem do Açu - disse meu paciente e solidário anfitrião. O homenzinho, do lado de fora do portão, respondeu sem titubear: “doutor, eu conheço, mas nessa época só deixam pescar quem for cadastrado!”. Nesse momento, eu levantei-me da cadeira, onde me mantive sentado, até àquele momento, e dirigi-me ao portão já indagando: e por que o senhor não se cadastrou? “E a política deixa?” – esta resposta fez com que o meu dileto amigo fosse pegar um quilo de arroz e o entregasse ao pedinte.