" CRIANÇA DESAPARECIDA"
Era domingo. Chovia. 17 horas.
- Onde está o Pedro? - perguntou meu marido.
- Não sei. Por quê?
- Até agora ele não chegou em casa.
Pedro tinha 7 anos. Um bom menino. Arteiro como qualquer criança de sua idade.
Levantei-me do sofá. Fui até a casa do vizinho. Nada. Pedro, não estava em lugar nenhum.
18 horas. Continuava procurando Pedro. 19 horas, resolvi pedir ajuda. Liguei para a polícia. Informaram-me que só procurariam depois de 24 horas.
- É muito tempo.
- Sabemos senhora. Por um acaso alguém brigou com ele?
- Não. - Foi a resposta.
- Passaremos um rádio para as viaturas que estão na rua.
Agradeci.
Liguei para minha irmã.
- Você viu o Pedro?
- Não! Por que, aconteceu alguma coisa?
Minha irmã é maluca de pedra. Ficou mais desesperado do que eu. Ligou para a rádio. O alarme foi dado.
22 horas.
Procurei no quintal, dentro de casa,...
Os vizinhos mobilizaram-se.
Um amigo da familia, policial rodoviário federal, estava em casa e de folga, ouviu o apelo pelo rádio. Entrou em contato com alguns amigos,também policiais, e saiu a procurar. (Policia Rodoviária Federal)
Outro vizinho, bombeiro, também de folga,... também entrou na equipe de procura.
Operação pente fino no bairro.
Todos os vizinhos procurando...
23 horas. O desespero.
- Cadê essa criança?
Uma hora da manhã. Agonia geral. Policia Militar, Federal, Bombeiro e vizinhos... Preocupação geral.
Neste intervalo:
- Tia, posso falar uma coisa?
- Diga, você sabe de algo? Pedro te falou alguma coisa?
- Não tia... É que.... bem...
- Diga!!!
- Já é mais de uma da manhã.
- E daí?
- Será que já tiraram os órgãos dele?
- Claro que não, Nike. Ele deve estar escondido em algum lugar.
- Tá bom.. Mas já mataram né?
- Fique quieto.
Minha irmã vem a meu encontro. Chorando muito:
- Bia, o Preto achou o Pedro...
Meu coração saltou do peito.
- Cadê ele?
- Vem comigo.
Duas horas.
Os cinco metros mais longos de minha vida.
- Ele está aqui meu bem. - Diz meu marido.
- Onde?
- Embaixo do pé de manga.
- Não acredito.
É isso mesmo. No canto do quintal havia um pé de manga. Meu marido cortou. Brotou bem baixinho. Fechado. Não tinha como ver.
Cheguei pertinho. Ele estava gelado, dormindo. Á tarde estava chovendo fraco, Pedro ficou ali brincando com um carrinho e adormeceu.
Toquei nele. Ficou assustado com todo aquele movimento e começou a chorar. Abracei-o. Meu marido o pegou e o levou para dentro de casa.
Três horas da manhã.
Agradeci a ajuda de todos.
Nesse momento, percebi como o meu filho é importante e amado.