O que Deus uniu, o homem não separa

O que Deus uniu, o homem não separa

Era uma tarde de verão e o Sol estava muito quente,

Soraia e Andressa decidiram ir ao bosque bem próximo da casa

delas. E ao chegarem lá, decidiram descansar um pouco debaixo

de uma árvore. Logo em seguida, aparecem dois rapazes, Hugo e

Nelson. Os jovens conversavam, mas o tempo mudou e começou

a chover. Havia uma cabana e os jovens resolveram esconder-se.

Após a chuva passar, eles saíram da cabana e foram caminhando

para as suas casas. E decidiram encontrar-se no dia seguinte para

continuarem aquela animada conversa. Soraia e Andressa começaram

a comentar sobre os rapazes, e Andressa pergunta para a

Soraia:

– Soraia, você percebeu como Hugo é um jovem muito

bonito e encantador? E Soraia responde:

– Percebi sim Andressa, mas eu prefiro o Nelson.

E os rapazes também comentavam sobre as moças. E

Nelson pergunta para o Hugo:

– Hugo, qual das duas você mais gostou? Responde Hugo:

– Sinceramente, eu gostei mesmo foi da Andressa. Hugo

pergunta ao Nelson:

– E você Nelson, de quem você mais gostou? E ele responde:

– Eu gostei da Soraia.

No dia seguinte os jovens reencontram-se novamente.

E assim, surge o amor, este sentimento que rompe barreiras, que

tudo aceita, que é imortal. Hugo apaixona-se por Andressa e

Nelson se apaixona por Soraia, mas como o destino sempre nos

prega peças, e a felicidade não é eterna, Nelson contrai a febre

amarela. Fica internado uma semana no hospital e morre. Soraia

sente-se como se tivesse ficado viúva. Hugo se aproxima dela e

os dois começam a ter uma amizade profunda. Andressa fica com

um pouquinho de ciúmes, mas confia muito em sua amiga Soraia.

Andressa e Hugo alugam uma casa e compram os móveis.

A casa fica completa e os dois ficam noivos, e assim, marcam a

data do casamento. O tempo vai passando e Soraia trama um

plano com a mãe de Hugo, que não simpatizava muito com

Andressa e não queria o casamento. Pega uma foto do Hugo e a

coloca em um centro espírita para Hugo pensar que Andressa

estava fazendo uma espécie de amarração para prendê-lo para

sempre. Neste mesmo dia a mãe de Hugo que frequentava o tal

centro espírita, leva Hugo e Andressa para aquele local. E então,

ele depara-se com a sua foto e a dela em uma mesinha com muitas

velas, santos e oferendas. Soraia diz a Hugo que Andressa

havia feito esse trabalho e a mãe de Hugo confirma.

Andressa começa a chorar e tenta explicar a Hugo que isso

era uma armação, mas ele não quer saber de justificativas e acredita

nas palavras de sua mãe e de Soraia, rompe definitivamente

o relacionamento com Andressa, e mais que isso, diz a ela “para

nunca mais lhe dirigir a palavra”. Então os dois vendem os móveis,

entregam a casa ao locador e Andressa segue a sua vida

com muita mágoa no coração e sem querer mais saber de ninguém

que preenchesse essa lacuna que Hugo havia deixado em seu ser.

Soraia, ao perceber que o seu golpe foi fatal, seduz Hugo e

os dois se casam um ano depois. Com apenas dois anos de casados

nasce Emile, uma linda menina e Hugo fica muito feliz. A

menina vai crescendo, mas Soraia decide trair Hugo com outros

homens. Ele não sabe de nada, mas um dia a flagra em uma festa

beijando o seu amigo Paulo. Ele não diz nada, começa a ignorá-la,

mas não a abandona. Ela continua traindo-o e ele finge não perceber.

Até que um dia, depois de quinze longos anos, ele reencontra

Andressa e os dois conversam muito. Ele conta o que estava

acontecendo em sua casa e com a sua mulher. Ela responde:

– Foi você quem quis assim, tudo o que eu falava, você

dizia que era mentira, por isso decidi calar-me e deixar você

seguir a sua vida, porque creio no Senhor Jesus Cristo e a verdade

sempre aparece. E foi embora.

Hugo chorou muito e viu o quanto tinha sido injusto com

aquela mulher que seria a mãe de seus filhos, sua companheira e

a trocou, por causa de uma mentira fútil, maliciosa, que só podia

partir da sua mulher Soraia e de sua mãe Judite. Depois dessa

conversa ele fechou-se mais ainda. Os dias seguiram seu curso

normal e ele com aquela dor no coração, pois magoou uma pessoa

que não merecia. Então, ele decidiu reconquistar Andressa.

O tempo foi passando, ela foi cedendo e disse-lhe:

– Hugo, se você espera o meu perdão, sim, eu o perdoei

há muito tempo. E ele responde:

– Se você ainda sente alguma coisa por mim, vamos recomeçar,

eu prometo em você sempre acreditar. E ela diz:

– Está bem Hugo, pegue as suas coisas e venha para a

minha casa. Não precisamos nos casar e lembre-se sempre Hugo:

“O que Deus uniu o homem não separa”. E ele pergunta:

– O que você quis dizer Andressa? E ela responde:

– Hugo, a nossa união veio de Deus e ele não nos aproximou

em vão. Soraia e a sua mãe tentaram nos afastar e conseguiram,

mas Deus mostrou a verdade a você, para que abrisse os seus olhos

que estavam cegos de ódio. E ódio não é de Deus, por isso eu o

perdoei. Agora quero que fique aqui comigo, pois pretendo fazer a

vontade do Senhor, pois para mim “Deus escreve certo por linhas

certas e não por linhas tortas, como dizem”. Hugo a abraça e os dois

choram.

Daquele dia em diante tentam reconstruir o que já deveria

estar construído há muito tempo, e reconquistar a felicidade de

ambos que foi perdida, mas que só o amor e o perdão são capazes

de encontrar.

Texto publicado na obra Antologia de Poesias, Contos e Crônicas: Enigmas do Amor pela Editora Scortecci em 2009.

Roseli Princhatti
Enviado por Roseli Princhatti em 23/12/2009
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T1993256
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