MEXERICOS
1999
À minha amiga Rita
E chupávamos aquelas azêdas mexericas cantando
nossa música preferida...
Você cantava uma parte e eu a outra...
-O rei da brincadeira é José!
-O rei da construção é João!
E os reis da brincadeira para nós eram mesmo o José
e o João.
Éramos duas quase meninas; meninas-moças, nos nos-
sos doze anos de idade...
E não tínhamos responsabilidade...
Sonhávamos com príncipes encantados; sonhávamos
em ter namorados; mas eles já tinham um rosto: O de José
e o de João...
O tempo passou e tivemos que adquirir responsabilidade,
mas você nunca deixou aquele seu jeito alegre, juvenil.
Eu, como você já sabe, adquiri com o tempo a carapaça
da vida...das defesas da vida, pela vida; e o escrever é que
traz minha vida àquela total falta de cuidados com respon-
sabilidades...Época em que chupávamos mexericas enredeiras
naquele alpendre lá de casa.
E agora no presente aquele José trabalha mesmo na cons-
trução. O João se perdeu nesse mundão. Talvez trabalhe em
alguma feira lá na Capital...de roupas ou de automóveis...
quantas feiras existirão?
Daquele tempo da MPB guardamos uma saudade gostosa; um
saudosismo adorável, de uma amizade sincera!
Estamos nós no presente, com nossos Josés. O seu na cons-
trução, coincidentemente...e o meu na feira, ou melhor na fá-
brica de Calçados.
Venha qualquer dia amiga, fazer comigo mexericos... OK?