A Devoradora de Palavras
Inspirada numa roubadora de livros
Desde o dia em que aprendi a ler, quando tinha meus 5 anos, me fascinei pelas palavras. Sempre amei histórias, me prendia aos livros como um vício. Adorava imaginar, viver as cenas do livro junto às personagens e até sentir o que elas sentiam.
Comecei com os livros infantis, influenciada pela minha tia. Depois não parei mais. A leitura, principalmente de histórias, tornou-se um hábito. Hoje sou uma amante de histórias. De lê-las, imaginá-las e escrevê-las.
Muitas vezes começo a imaginar minha vida como uma história contada e não simplesmente vivida.
A história da Devoradora de palavras surgiu depois da minha leitura de “A menina que roubava livros”, de Marcos Zusak.
Vou explicar melhor: desde que ouvi o nome do livro pela primeira vez, fiquei curiosa. Quando, durante uma visita a uma livraria, o toquei também pela primeira vez e folheei algumas páginas a curiosidade aumentou. Sempre ouvia falar bem sobre esta obra, porém nunca tive o impulso de comprá-lo... havia outros títulos em mente e eu optava por eles. Sem contar os livros de vestibular, que eram quase obrigatórias as leituras... Até que um dia meu namorado disse que queria ler o tal livro. Então aproveitei que estávamos perto do Natal e foi um de meus presentes; dias antes o livro chegou, de novo o toquei e fiquei com aquela curiosidade enorme. Logo que meu namorado acabou a leitura, me emprestou.
Não vou mentir que demorei mais de um mês para lê-lo, porque a leitura é um tanto quanto difícil e eu parava para refletir. Milhares de vezes eu me deparava com alguma coisa, alguma situação e na hora fazia uma relação: "então é disso que o livro estava falando..."
Eu analisava a história e depois que terminava a leitura ficava pensando no que acabara de ler e em Liesel... várias cenas imaginadas por mim ficavam vagando pela minha mente.
Eu não cansava de reler a capa e a contra-capa. Sempre pensava em como o autor australiano, Marcos Zusak, era bom! Admirava demais sua criatividade, seu modo de contar a história... A morte! “Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler” Isso me encantava.
A leitura me fez gostar de um tema que nunca havia parado para pensar, a Alemanha Nazista, no período de guerra mundial. Comecei até a gostar de alemão... eu nem de longe conhecia aquelas palavras, mas as lia em voz alta na minha cabeça e suas pronuncias, mesmo que equivocadas, para sempre estarão certas pra mim. Saumensch era a que eu mais gostava.
O poder das palavras, mais uma vez. E na verdade, é disso que o livro se trata e isso me encantou demais, afinal não existe lugar melhor para se encontrar palavras que nos livros, não é?!
Nem acredito na fome com que devorei esse livro. Eu o carregava para todos os lugares, mesmo para aqueles em que não poderia abri-lo, mas lá ficava ele, em minha bolsa, ao alcance de minha mão e só de tocá-lo meu estômago já parava de roncar.
Quando eu estava perto do fim da leitura, comecei a evitar a menina que roubava livros. A razão: encontrar a moral da história. Ok, mas não aguentei e tive que continuar. Ela então me contou o restante daquela história magnífica, mas quando foi me mostrar aquela coisa eu já não conseguia enxergar, pois as lágrimas embaçavam minha vista sabe-se lá por quanta páginas.
Talvez se eu tivesse visto a moral da história dizendo que não devemos passar a oportunidade de dizermos que amamos as pessoas que amamos, agora mesmo eu me deixaria escorregar em sentimentalidades. – Não vi nada disso, portanto não me sinto culpada em guardar tudo pra quando a sombra vier buscar um ou outro. E terá que ser assim porque sempre imagino minha vida como sendo uma história contada e não vivida.
"Com o passar do tempo, a menina e eu descobrimos que tínhamos coisas em comum..."