O Jéca na guerra do Paraguai?

Monteiro Lobato criticava o Jéca por não querer lutar na guerra do Paraguai... Diz o Jeca: “Eu, para escapar do “reculutamento”, sou inté capaz de cortar um dedo, como o meu tio Lourenço...”(LOBATO, 1956, p.287).

Oras, por que o Jéca deveria lutar?

Ainda mais em uma guerra que não era dele e de ninguém no Brasil.

Nessa guerra ninguém queria lutar, por que logo o Jéca iria querer?

Não foram os escravos forçados a lutar nessa guerra? Sim “O Cabichuí, jornal do exército paraguaio, define o soldado brasileiro: "La palabra guaraní camba se aplica a los negros, y más genérica y propriamente al esclavo.” (TORAL, 1995, p288).

Aos brancos:

“Os cidadãos do império dispunham de diversas formas de se esquivarem da convocação. “Os mais aquinhoados, utilizavam-se de doações de recursos, equipamentos, escravos e empregados à Guarda Nacional e aos Corpos de Voluntários para lutarem em seu lugar; os que podiam menos, faziam oferecimento de familiares, ou seja, alistavam seus parentes, filhos, sobrinhos, agregados etc.” (TORAL, 1995, p292).

O que Monteiro Lobato poderia falar sobre o Jéca que nada sabia a respeito de guerra se o próprio cidadão do império não queria participar dela?

Nesse caso a única opção era o recrutamento de mais escravos.

“Em dezembro de 1866 o Imperador escrevia ao seu ministro da guerra: "Forças e mais forças a Caxias, apresse a medida de compra de escravos e todos os que possam aumentar o nosso Exército" (TORAL, 1995, p292).

E quem foi favorecido com essa guerra? A Inglaterra

Pobre Jéca, tão maltratado por Monteiro Lobato.

Leia também:

MONTEIRO LOBATO E O CORPO DO JECA

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ongdarolha.com

Alessandro Barreta Garcia
Enviado por Alessandro Barreta Garcia em 23/12/2009
Reeditado em 17/01/2011
Código do texto: T1992246
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