Uma Mensagem Nada Convencional de Natal
" O Natal é o único dia de aniversário,
Onde todos os convidados
Se esquecem completamente
Quem e o quê está sendo comemorado"
Foi a minha aluna Juliana que me disse: " eu queria que todos os dias fossem Dia de Natal".
Eu já tinha ouvido isso tantas vezes, mas nunca de forma tão sincera e tão cheia de significado. Eu, que tenho cá, os meus outros tantos significados para essa data, passei a meditar nessa frase.
Lembrei de quantas vezes escrevi "Feliz Natal" para alguém, sem desejar realmente aquilo. Quero dizer, eu dizia essas palavras como quem fala "bom dia" no elevador; como quem pergunta "como vai?" e mal olha nos olhos de quem responde " vou bem!".
Foi o olhar de Juliana que me devolveu, de certa forma, o espírito natalino que estava adormecido em mim. Esse sentimento, que pouco ou muito tem a ver com Cristo, mas que está refletido no olhar de todas as pessoas, mesmo aquelas que nem acreditam que Jesus existiu ou existe.
Foi pensando nisso que eu fiz uma relação que nunca tinha feito antes: Natal e Política.
Andando pela Avenida Paulista, observando as luzes de Natal, os prédios enfeitados, as pessoas caminhando com seus filhos, me rendi ao Papai Noel da Coca Cola e ao absurdo das imagens de inverno (neve, árvore e rena) num país tropical. Entreguei-me, pois vi o reflexo do Natal no olhar de cada uma dessas pessoas, mini-Julianas me dizendo: " queria que todos os dias fossem Dia de Natal".
Desisti do meu criticismo; calei o meu preconceito; escondi o meu cinismo embaixo de camadas e mais camadas de neve, e achei graça das renas, e me fiz criança, pedindo ao Papai Noel da Coca Cola que ele se tornasse mesmo o São Nicolau de verdade e entregasse para todas as crianças, todos os presentes que elas merecem; e antes de ir embora, passasse com o seu trenó, ali bem pertinho, no Hospital das Clínicas e derramasse saúde pelas janelas, prosperidade pelas chaminés, para toda aquela gente que precisa se curar e ter dinheiro para os remédios pagarem.
Então fiz de conta que o Papai Noel era o gênio da lâmpada, e como já tinha feito dois pedidos, arrisquei um terceiro, e pedi algo para o meu Brasil. Eu disse a ele que passasse em Brasília e trocasse as meias cheias de dinheiro de nossos políticos por meias cheias de vergonha; mas daí, lembrei, que o Planalto está quase vazio essa época do ano; então dei adeus para o Velho Nicolau que talvez, tenha coisas mais importantes a fazer do que visitar a sede dos nossos Três Poderes; mas como ele é um bom velhinho, me deixou trocar de pedido e eu disse:
"Papai Noel, como o Brasil se comportou tão bem esse ano como nunca na história, deixe ao menos discernimento e lucidez no coração e mente do meu povo. 2010 é ano de eleição e o melhor presente de Natal que esse país merece é que o voto coloque no poder gente boa que deseja fazer mesmo alguma coisa; e não esse bando de duentes da corrupção que está no poder há tantos anos!
Peço humildemente, Papai Noel, pelo meu país; mais igualdade, menos fome; mais justiça, menos homens condenados por roubo de galinha e gente de colarinho branco que carrega dólares na cueca ou na calcinha, pagando com dinheiro roubado, os advogados que com habeas corpus, os livram das celas, onde só habita gente pobre que espera por anos, por uma chance de provar a sua inocência. "
Daí, ele riu e disse que eu tinha feito mais que três pedidos, mas ele entendera o recado e falou para mim:
" Façamos assim, não tenho como transformar todo dia em Dia de Natal, como pediu a sua aluna. Afinal, se nem na Noite de Natal, eles se lembram do aniversariante e o que é comemorado, imagina se fosse assim o ano inteiro; mas vou transformar todos os próximos dias em vespéra de Copa do Mundo, e te garanto que sob o efeito dessa data, todos os brasileiros se respeitarão e a vida vai ser uma eterna comemoração. E no meio dessa felicidade, garanto que os anjos do céu poderão se aproximar mais do coração dos homens e soprar o discernirmento que você me pediu em seus corações"