A espera

A espera

Nos tempos idos, recordo que tanto me fiz esperar, como esperei. E a espera sempre me acompanhou, de alguma forma. Como atriz principal ou como coadjuvante. NA maioria das vezes, recordo, que mais esperei do que fui esperada. é angustiante essa situação de espera, stan by, como dizem os modernos. Não me agradava, mas, esperava assim mesmo.

Esperei o namorado galã em seu Opala possante. Esperei a decisão do noivo reticente. Esperei por vezes, o patrão decidir entre eu e a sua nova conquista. Esperei o amor paterno indeciso entre filhos e amores. Esperei irmão menor na porta da escola e o maior na porta do baile. Esperei o emprego numa estatal, num banco. Só esperei?

Não, fui esperada tambem. Me esperaram para nascer.mas não me fiz esperar muito, aos sete ví a luz. Quantas vezes fui esperada por meu pai, chicote á mão, por não ter esperado o momento certo para o amor. Me esperaram tambem os olhos tristes da tia amada, que na solidão do asilo, espera seu dia findar.

Esperaram-me os sonhos, no intuito de se tornarem reais. Cansaram.

Não gosto de esperar, nunca gostei. A esperança é quem gosta de mim. Vive a me espreitar. Talvez por não gostar de esperar, é que me tornei uma pessoa pontual, o que sempre me faz esperar .

MAs, esperar tem seu lado bom. Esperei por nove meses aquele que me deu sentido à vida. E esperei com tamanha ansiedade que não esperava que fosse tão maravilhosa essa espera. E o tempo passou. Esperei febres abaixarem, cortes curarem, notas melhorarem, adolescencia passar, e agora espero ele chegar em casa, me dar um beijo e ir dormir.

Espero que meu sono chegue.

De tanto esperar, descobri que a essencia da vida é a esperança.