SOCORRO!!! É natal?

Há mais de dois mil anos, para o bem da humanidade, nascia num coxo, exatamente onde bois e vacas comem e/ou bebem água, o menino Jesus.

Engraçado é como nós, seres humanos, gostamos de dar enfeite ao que já é enfeitado por natureza. Ora, Jesus, que foi o mártir de nossos pecados, símbolo da simplicidade e humildade, talvez ficou a indagar qual o motivo que nós arrumamos outro sinônimo mais rechonchudo - manjedoura - até parece coisa de outro mundo. E o pior: parece-me que ainda hoje, tem muitas pessoas que não sabem o real significado dessa palavra.

E ao falar em coxo, estamos a falar de curral, ou seja, local onde bois e vacas dormem. E, no entanto, para também ficar com um ar mais "sublime" foi denominado de estábulo.

O engraçado que ao olharmos os presépios de hoje, representando o que foi o enigmático nascimento de Jesus, deparamos com uma espécie de artefato coberta por capins dourados cor de ouro, e dentro, o menino Jesus. Quisera Deus fosse assim, mas o que se sabe e dá-se para abstrair que não é exatamente dessa forma que se sucedeu. O problema é que, ressalta-se, gostamos de enfeitar.

Não sei bem exatamente por que falar sobre esses pontos sensíveis do natal, quando em verdade, o que vimos de ver hoje, infelizmente, é o natal do PAPAI NOEL, exatamente com letras maíusculas. Haja vista se tratar de um velhinho de barba longa e que merece respeito. Afinal de contas, viva o consumismo desenfreado!

Estamos em época natalina, portanto, vamos às compras.

Nada contra homenagear e presentear as pessoas que gostamos. Não é isso. Muito ao contrário, é estabelecer e fortificar um ponto que não é exatamente o que deveria ser. Embora com todas as ideologias do consumismo, não restam dúvidas de que o natal é o nascimento daquele que nasceu dentro de um coxo.

A complexidade dessa data querida é tão sofisticamente veiculada nos meios de comunicação que, lamentavelmente, infundem nas pessoas, nem todas, a necessidade involuntária de comprar, comprar e comprar.

O grave disso tudo, é que na própria data em si, 25 de dezembro, ao conversar com uma amiga médica plantonista há vários anos em pronto socorros, ela, para minha surpresa, disse-me: a pior data do ano para ocorrer desgraças em família é a data de 25 de dezembro. É garrafada de cerveja de um irmão contra o outro, é aquele cunhado que bebe além da conta e que confunde as irmãs, enfim, são episódios dantescos, infelizmente.

Talvez o socorro que precisamos venha dos céus. Ou então, temos que nos tornar chatos e tentar modificar algo que, lamentavelmente, é nadar contra a correnteza, em dizer que o natal é a tentativa de buscarmos um novo amanhecer espiritual, baseados naquilo que foi o nascimento do grande mestre da galiléia.

Enfim, feliz natal a todos, mesmo tentanto nadar contra a correnteza.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 22/12/2009
Código do texto: T1991286