A IRA E A SERENIDADE.

27/07/2008

A IRA E A SERENIDADE.

Cultura

A ira não é só adjetiva no seu conhecido sentido, pois nem toda ira anda ao lado do mal, nem toda serenidade é sadia, quando se pede revolta.

Ocorre da ira ser cura, ao invés de daninha e agressiva, e da serenidade ser covarde, quando se aquieta aquele de quem se pede ação.

Se a ira acontece muitas vezes no bojo da maldade, do vilipêndio, da agressão desmotivada, nasce também, em posição contrafeita, da revolta justa que faz justiça, necessária e oportuna.

Dessa forma peca ou não quem se ira, torna-se censurável ou não quem se torna sereno quando não devia.

É a vida nas vias paralelas que não se encontram no campo das emoções e nas suas projeções, aparentemente.

O único valor absoluto é a vida.

Nem toda ira é maldade, como a serenidade não é desejável em muitas oportunidades.

Assim, comete ato contrário aos princípios estabelecidos o que se irar, como também comete aquele que não se irar.

Existe ira por justiça, contra a falta de honra que se põe, por exemplo, contra os que ludibriam o povo em sua crença inocente.

Da mesma forma, repudia-se a serenidade dos que aceitam sem punição, sem ira, tais condutas, é a ira legítima, compatível com o que se espera dos que caminham ao lado da lei moral, do direito natural de todos.

Esta é a ira que nasce da cólera santificada.

No sacrário da terra dormem ossadas de muitos que fizeram da ira valor máximo na perseguição da justiça.

É altar da verdadeira humanidade, onde se deposita a saudade daqueles que se entregaram ao que há de melhor para o homem, e morreram martirizados e imolados pela ira santa.

A sabedoria da ciência, da máxima ciência que traça a linha de humanidades, não está acima das nuvens, voando altaneira e imune às definições compatíveis ao sabor de vontades definitivas, por isso convivem a ira e a serenidade no recipiente humano do mesmo respeito.

O saber não tem limites e o pensamento pode alçar vôos ainda desconhecidos por muitos.

A terra não para de se transformar e o Planeta Terra não para de existir renovado, criando, e sua criação maior, o homem, não fechou a perfeição de sua jornada, mesmo tendo entre seus filhos Jesus Cristo, que ensinou sem aceitação, o único caminho onde seria desnecessária a cólera santificada.

Não há no universo duas coisas iguais. O princípio da igualdade existe para desigualar, e só no sentimento pode haver igualdade, na energia máxima que moveria o mundo e o estabilizaria, pelo reconhecimento da igualdade que pacifica, constrói e aproxima, sem cólera, ira ou disputa, unindo os homens.

Se a sociedade não pode, por força da natureza, tornar iguais os desiguais, pode tentar harmonizar as desigualdades originárias, naturais.

Só assim não existirão a ira, a cólera e a serenidade, santificadas ou não.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 22/12/2009
Código do texto: T1990446
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