A CIDADE MAL AMADA
Há muitos anos atrás assisti um filme chamado CRÔNICAS DA CIDADE AMADA que ilustrava várias crônicas sobre a chamada Cidade Maravilhosa. Passados muitos anos depois, mesmo fora do Rio já há algum tempo, vejo com falta amor à minha cidade. Sim amor mesmo. Tenho como certa em minhas convicções que quem ama não mata. Ora onde há morte não pode haver vida, e se não há vida, não há amor. O carioca sempre foi um grande destilador de amor. Tudo no Rio que conheci transparecia um amor genuíno pelas nossas coisas, pelas ruas e avenidas, praças, praias, cafés, bares, resaturantes, teatros, cinemas, museus, colégios, parques e jardins, ... Tudo era romântico, todos os atos eram amorosos. Desde a característica malandragem até a forma brincalhona e fanfarrista de trabalhar, estudar, se comunicar, ... Hoje a ex-cidade maravilhosa, vive o caos do desamor. Os interesses oriundos de pessoas estranhas que governaram deus destinos durante algum tempo, provocaram o extermínio da essência carioca: o amor. Hoje sou um pastor e dentre as minhas pregações favoritas está o dito de Jesus: amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo. Esse é o Rio que conheci. Não se amava as coisas, se amavam as pessoas. O Rio nunca foi um primor de arquitetura, de urbanismo, de seriedades, não, o Rio sempre foi um combinado de gente com gente. Tinha de tudo um pouco, e esse tudo de todos se aceitavam, se respeitavam, se amavam. Do alto do meu período cinquentão ainda almejo alcançar com grande conforto e alegria no coração o que deixaram sobrar do Rio que nasci, cresci e vivi: a mais pura demonstração de amor ao próximo, com toda a sua intensidade, com toda a sua leveza, com toda a sua "malandra" liberdade.