Está chegando o natal e a vida é tão banal...

Está chegando o natal e a vida se esgarça nos envolvendo em variados acontecimentos que provocam ações e reações tão doloridas. O natal vem com suas luzes coloridas, estrelas e bolinhas multicolores, mas em mim, ele ainda não se achegou. Estou saudosista, nunca fui assim... Às vezes, ando pelos parques, olho as praçinhas e tenho lembranças de quando meus filhos eram pequenos. Sempre vivi olhando pra frente, para o mundo que se abria entre as frestas das dores que a vida me reservava. Porém, nesta véspera de natal... Os sorrisos se escapam do meu rosto, o brilho das luzes de natal ainda não atingiram meus olhos. Neste dezembro, sempre de nuances festivos, minha cadelinha se perdeu de mim.

Sei. Quem não é cachorreiro como eu, jamais entenderá a dor que causa sacrificar um animal. Minha cadela era uma vira lata de orelhas pontudas, muito alegre e saltitante, cheia de manias, gostava de dormir sempre pelos cantos, se o outro cão pegasse o lugar dela, era uma choradeira, arranhava a porta até alguém atendê-la. Minha cadela tinha um nome esquisito se chamava EFE. Era a inicial de feia, pois de todas as crias que peguei, era a mais feia. Mas, ninguém a chamava de feia, somente da letra inicial para não magoá-la. No entanto, apesar da falta de beleza me conquistou. Ela foi a primeira das crias a ter independência, a Efe andava pelo pátio com suas orelhas pontudas em alerta, parecia que havia nascido para viver conosco.

A decisão de doar os outros filhotes foi minha, pois não havia espaço para seis cães em nossa casa. Já tínhamos um cão chamado chorão, é claro o nome se relaciona ao fato dele chorar muito... Porém, quando ela me olhou na hora de doá-la, não tive coragem e durante dez anos viveu conosco... Há um tempo, mais ou menos seis meses minha cadela começou a adoecer... Ela estava com câncer, não havia cura, a mantivemos viva por puro egoísmo. Entretanto, houve aquele momento inevitável... Foi triste nos despedirmos dela. Assim como está melancólico ver o outro cão solitário a procura de algo pelo pátio da casa. Também nos sentimos despovoados sem a nossa Efe aqui em casa. Ainda nos dói chegar do trabalho e não encontrá-la fazendo festas... É quase natal... Mas, os fulgores natalinos não me encontraram ainda... Quem sabe amanhã...

15/12/2009

O dia em que a Efe morreu.

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 19/12/2009
Reeditado em 21/12/2009
Código do texto: T1986433
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