DO OUTRO LADO DA RUA...
 







Naquele ano a véspera do Natal aconteceu sob o impacto do acidente de minha prima, aos oito anos de idade. Atropelada viria a permanecer em coma por um mês.

Nunca esquecerei a noite passada na porta do hospital. Seria o primeiro de muitos dias. E nossa família praticamente "mudou-se" para lá. Minha prima estava na UTI e nós numa espécie de sala de espera minúscula que dava para um jardim.

Creio que foi a noite de Natal mais importante da minha vida. Nesse jardim era possível avistar muitos prédios e suas janelas acesas, luzinhas piscando, árvores enfeitadas em varandas. E as risadas da alegria do outro lado da rua.

De vez em quando, médicos e enfermeiros passavam apressados. Nenhuma noticia. E sim. Nós pedíamos um milagre sem supor que já havia acontecido. Ela estava viva e ninguém imaginaria que uma menina tão magrinha e pequena pudesse ter sobrevivido ao atropelamento.

Meia noite. O som vindo dos prédios ao redor aumenta. Abraços e lágrimas deste lado da rua. Um jovem médico surge no jardim, visivelmente abatido, provavelmente sem dormir há vinte e quatro horas, mas sorri antes de sair:

- Feliz Natal!




(*) IMAGEM: Google

http://www.dolcevita.prosaeverso.net


Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 19/12/2009
Reeditado em 21/12/2009
Código do texto: T1986109
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.