Ideias na cabeça
A caminho do trabalho, pela manhã, penso muitas coisas boas para escrever. O longo trajeto, o vento e a paisagem contribuem para os pensamentos voarem livremente na minha cabeça. É como se o caminho já traçado fosse guiado por um piloto automático. Com destino certo, é um dos poucos momentos que não preciso tomar decisão (pelo menos das grandes, porque até virar uma esquina é uma decisão!), nem forçar pensamentos. Então, eles voam livres mesmo. Pena que não dá pra escrever, nem gravar no celular como já fiz tantas vezes. Porque quando chego ao trabalho, a lista de tarefas a serem desempenhadas no dia reaparece na minha cabeça, o sentimento fica tomado pela preocupação em cumprir tudo da melhor forma e com isso a inspiração literária vai embora...
A cabeça é um ninho de ideias mesmo. Pena que o corpo não consiga acompanhar na ação as ideias da cabeça. Já a língua de alguns quase que consegue... Ou até falam mais do que pensam, sei lá. Provavelmente não conseguimos “acionar” todas as ideias porque não devamos mesmo. Algumas ideias são absurdas, outras, devaneios. Tem também as perigosas e maquiavélicas. Ainda bem que a cabeça tem um mecanismo para fazer testes mentais e selecionar automaticamente aquilo que vai ser pensado e esquecido, o que vai ser pensado e guardado apenas na memória, o que vai ser dito e o que vai ser feito. Se tudo que pensássemos acontecesse, a vida seria uma catástrofe de contínuos arrependimentos...
(Catalão, 18/12/2009)