MAU HÁLITO

O trabalho é o coma da alma e a religião e a alma do coma. Vejo as crianças inocentes indo para a escola aprender o que não se usa. Vejo os colégios escondendo as potencias dos guris. Nem todo mundo nasceu para as leis da física. Alguns sabem dançar, cantar, escrever, pintar, atuar. Marginalizam as potências.

Eu poderia ser um engenheiro, mas as ruas me ensinou a poesia, já que a escola não me ensinou a engenharia. Eu tenho pena dos pais que se frustram assim como tenho pena das crianças abandonadas com dinheiro no bolso e o talento esquecido. Ninguém nasce para varrer um chão sujo por culpa da falta de educação dos outros. Ou nasce?

E agora, Henrique Diógenis que se foda! Deixarei hoje a minha poesia. Sou poeta, já que não fui engenheiro ou médico... por isso passo a fome com comida na boca dos “DEUSES”:

Acordo...

O gosto amargo

Do vinho no meu hálito

O café amargo para curar o estômago

Disenteria

O sanitário

Me aplaude

A descarga me cospe

Saio para o trabalho

Uma pilha de papel fodendo

Gente e a gente

O imposto, as taxas

A bicicleta sem freio

Paro em casa

Vou dormir

Com mais e mais cascas de laranjas

Sorrindo da minha fome

Acordo

E saio novamente

Para escorregar

Em mais uma casca de banana

Com o mesmo mau hálito!