Pão de açafrão

Eu e meu companheiro conversávamos sobre açafrão, pois eu queria fazer ”Lussekatter” Pãozinho de açafrão muito consumido no final de ano na Suécia.

Lembrei da época em que morava na fazenda dos meus avós, meu avô plantava e colhia açafrão e minha avó moía e secava-o fazendo o ”açafrão” e com ele os deliciosos frangos com açafrão, entre outras coisas. Para minha decepção, ele me disse que o açafrão era extraido do estígma de uma flor chamada CROCUS SATIVUS L. E eu descobri que nosso açafrão se chama açafrão da terra ou gengibre dourado ou amarelo.

O nome açafrão deve-se à palavra árabe «az-za'afran» e foi precisamente pela via árabe que o açafrão penetrou na Península Ibérica. Os árabes utilizavam o açafrão na cozinha - ainda hoje tomam café com cardamomo e açafrão, e na medicina, graças às suas propriedades anestésicas e anti-espasmódicas. Mas uma das primeiras referências históricas provém de um texto egípcio escrito cerca de 1500 a.C., que refere o cultivo de açafrão em Luxor.

O acafrão, é pelo menos tão antigo quanto a escrita, conforme consta registos de tempos muito anteriores à nossa era. Da China ao Egipto, da Grécia a Roma, o açafrão sempre foi apreciado pelo seu aroma requintado e propriedades medicinais. Por isso que esta especiaria seja a mais cara do mundo.

Confunde-se frequentemente açafrão com curcuma, conhecida por açafrão-das-Índias, açafrão da terra ou gengibre dourado, produto que se popularizou nos últimos 30 anos, à venda em todos os supermercados por um preço irrisório, quando comparado com o do açafrão - este apenas é vendido em mercearias finas e em alguns hipermercados.

Enquanto uma embalagem de 50 gramas de curcuma, que só tem em comum com o açafrão a cor amarela, custa cerca de quatro reais, uma embalagem de 0,5 gramas de açafrão custa aproximadamente quarenta koroas suecas e o kilo custa oitenta e nove mil koroas sueca, ou seja, vinte e dois mil reais, duas viagens para o Brasil. O acafrão custa tão caro quanto o ouro.

Zeus, deus dos deuses da antiga Grécia, dominado por insaciáveis apetites sexuais, chegou a dormir num colchão forrado com açafrão, na esperança de que a odorífera planta lhe exaltasse as paixões. Segundo a história Cleópatra utilizava a essência de açafrão para seduzir.

Sabe-se, por exemplo, que os fenícios tinham a tradição de passar a noite de núpcias em lençóis coloridos com açafrão e que os gregos antigos, além de o utilizarem para combater as insónias e curar as ressacas, o consideravam um afrodisíaco poderoso, quando misturado no banho.

Hipócrates, o pai da medicina, descreve-o como um medicamento e Celsus, na Roma pré-cristã, utilizava o açafrão na composição de vários medicamentos contra as dores, a letargia, as cataratas e os venenos.

Só depois da II Guerra, com o incremento do turismo e a globalização dos hábitos, o açafrão reconquistou o seu lugar na culinária dos países não produtores.

A prática de adulteração deve ser tão antiga como a própria planta. Hoje, o truque mais frequente consiste em adicionar uma parte dos estames amarelos, que são apenas colorantes, flores de cártamo ou corantes artificiais. Para aumentar o peso, os falsificadores humedecem o açafrão com xarope, mel, glicerina e gorduras por vezes difíceis de identificar.

Se pensar que são necessárias mais de 200 mil flores para se obter 1 kg de açafrão e que a colheita, efetuada, é inteiramente feita à mão, o mesmo acontecendo com a separação dos estigmas da flor a mão, percebe-se o motivo dos preços do açafrão serem muitas vezes comparados aos do ouro.

A maioria dos especialistas considera o açafrão espanhol o melhor do mundo, embora sejam feitas referências elogiosas ao açafrão grego, italiano e iraniano.

No dia 13 de dezembro é comemorado o dia de Santa Lucia na Suécia, ou seja, Santa Luzia e nas comemorações é lógico que não se pode faltar comida.

Este dia é comemorado com festa e tem uma tradição sueca, em que as garotas se vestem de branco com uma fita vermelha amarrada na cintura. A festa é uma das poucas festas religiosas ainda comemorada na Suécia.

No dia 13 de dezembro é o dia mais escuro do ano e os suecos crêm que Santa Lucia vem iluminar a escuridão com as quatro velas trazidas em sua na cabeça.

Esta tradição vem da Itália, hoje quase esquecida.

No café ou chá servidos para comemorar o dia é servido o Lussekatter, ele tem a forma de um olho, também dito olhos de gato.

Eu preparei o Lussekatter e ai vai a receita traduzida.

Lussekatter

125 g. de margarina ou manteiga

300 ml de leite

0,5 g de acafrão (o que vale ouro, extraido da flor)

50 g de fermento biológico

150 ml de acúcar

meia colher de café de chá de sal

1 ovo

cerca de um litro (600 g) de farinha de trigo, mas se precisar pode usar mais.

Modo de preparar:

Derreta a margarina numa panela, acrescente o leite e o acafrão aquecer até ainda conseguir colocar o dedo. (37°).

Derreta o fermento com uma colher de acucar retirada da quantidade em que vai usar na receita, mexer para dissolver (o açúcar adicionado ao fermento derrete-o).

Acrescente o restante do acucar, o ovo, o sal, 900 ml de farinha de trigo e depois o leite com açafrão e margarina. Va acrescentando mais farinha até desprender da mão (mas em um dos cursos que fiz de panificacao e massas folheadas aprendi que se deve deixar grudando so um pouquinho a massa para que ela não fique tão pesada e seca).

Deixe crescer por 30 minutos.

Forme os olhos de gato e decore com uva passa, deixe crescer por aproximadamente mais 30 – 45 minutos. Pincele com ovo batido e coloque para assar.

Bom apetite!

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/acafrao/acafrao.php

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Gisa

Suécia, 13 de dezembro de 2009.

gisaonline
Enviado por gisaonline em 17/12/2009
Reeditado em 17/12/2009
Código do texto: T1983293
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