O PROFESSOR - O MELHOR!

Não é fácil escrever uma monografia, defender uma tese, criar argumentos, discutir posicionamentos, principalmente, quando o tema é Terrorismo. Não é fácil convencer estudiosos de alternativas (sonhos, talvez, de uma alma jovem e altruísta) que concluem suas pesquisas sobre o tema dizendo que o aquecimento global matará mais do que o terrorismo... Para nós, ela e eu, não importa os percentuais de mortandade. Tudo que envolve a loucura humana é prioridade e para cada caso nasceu, com certeza, uma pessoa que lutará por uma dessas causas...

É o dia da colação de grau e ela iria passar pela banca pela manhã. O professor-orientador havia entregue o último capítulo revisado no dia anterior e marcado a banca para o dia posterior!!!

Não dormimos. Literalmente, não dormimos, ela e eu. No meu quarto, porta fechada, eu rolava na cama sem saber o que me tirava o sono e angustiava... Até que a vi entrando - de madrugada - e me dizendo: “- Mãe, não consigo dormir, por favor me acalma porque preciso estar lúcida para defender minhas teorias, diante da banca”.

Eu a aconcheguei e acariciei sua cabeça, pedindo a Deus que tirasse dali todas as dúvidas. Eu a ninei e pedi a Deus que tirasse a aflição de sua alma. Não dormimos, mas vimos o dia amanhecer com outra energia :)

A pedido dela, assisti a banca de sua monografia.

Estávamos com raiva do orientador porque tinha nos provocado muita ansiedade. Julgamos uma inconseqüência levar uma aluna a tal grau de instabilidade num momento tão importante de sua vida!! Principalmente, depois de tanta garra para se formar fazendo, no último semestre, basicamente, dois períodos em um. Não tinha sido fácil dar conta de tantas provas e trabalhos. A média de sono havia sido três horas por noite... Como não formar porque o professor não entregou a revisão da monografia a tempo??

Enfim, estávamos, finalmente, ali, mesmo que fosse o dia da colação de grau e tudo já deveria ser apenas festa...

Ela começou se desculpando e enfatizando os problemas de correção de seu trabalho pela demora da entrega da revisão. Durou três horas e meia a banca. Saímos e ficamos aguardando a nota... ( Choramos )

Deu tudo certo. Ela foi elogiada pela clareza da descrição, pela seriedade de seus argumentos, pela comprovação da pesquisa e fundamentos nos quais se baseou. Passou com louvor! ( Choramos )

Dei um jeito de chegar até o orientador, precisava falar com ele. Quando me aproximei, pedi o isqueiro como desculpa. Ele se desculpou por ter demorado para entregar o trabalho dela e me disse que havia um universo de coisas pelas quais ele era o responsável. Sabia que estávamos com raiva dele. Eu respondi que até havia perguntado por que ela o havia escolhido como orientador, se ela sabia que era o responsável pelo curso, tinha muitas atribuições dentro da universidade, era totalmente ocupado. Porque não tinha escolhido qualquer outro professor e já estaria livre disto há muito tempo?

Disse-lhe que eu estava ali porque precisava contar pra ele a resposta dela...

“- Mãe, porque ele é o melhor!!”

Agradeci por tudo que havia feito por minha filha, por todos os ensinamentos e por tê-la empurrado tantas vezes e com tanta força para a beira de abismos... Deixei-o com um sorriso de surpresa, felicidade e agradecimento. Deixei-o recompensado e eu queria isto!!

Quando ele a abraçou, mesmo não sendo chegado a demonstrar emoções e lágrimas, mesmo sendo tido por todos como durão, não pode conter o soluço... ( Choraram ).

Enquanto saíamos rumo ao estacionamento, ela e eu, olhávamos o lindo jardim e as majestosas árvores da universidade... Deixamos para trás uma etapa dela vencida. Atravessamos o portão alto.

( Choramos )

GLAUCIA TASSIS
Enviado por GLAUCIA TASSIS em 17/12/2009
Código do texto: T1982957
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