FILA DE BANCO
Uma vez eu tive um bar. O slogan que eu usava nos folderes e propagandas na rádio da cidade era assim: ‘‘há lugares que a gente freqüenta porque precisa. Há lugares que a gente freqüenta por puro prazer’’. Pois bem, não tenho mais bar, no entanto preciso freqüentar alguns lugares. Um deles é o banco. Eu também não gosto de usar certas palavras ou expressões que definem sentimentos. “Eu odeio” - alguém ou alguma coisa - é uma delas. No entanto continuo tendo que dizer isso em ralação a bancos e banqueiros.
Disse o Mark Twain que “o banqueiro é o cara que lhe empresta o guarda chuva em dia de sol e lhe toma na hora da chuva.” Para mim é a espécie mais abominável que existe na face da terra. Um sanguessuga, um parasita, um sujeito que ninguém sabe como amealhou fortuna (e estão entre as maiores do mundo) e vive de controlar o dinheiro de todos sem precisar mais do que saber assinar e fazer contas.O mais é controlar regimes, governos e países com seu poder de influência. E nos fazer raiva. Raiva que não temos potência para transformar em nada redentor da humanidade.
É um setor que lida com a mais alta tecnologia disponível para espantar pessoas. A tecnologia serviu para desempregar centenas de milhares de bancários, reduziu o número de caixas disponíveis e deixou os poucos funcionários que (ainda) se salvaram extremamente mal remunerados e por tabela, de mau humor. O atendimento é sempre péssimo.
O banqueiro não quer você lá, ele quer o seu dinheiro e você longe da agência. A menos que a sua movimentação ultrapasse quatro ou cinco dígitos. Daí para cima, não há necessidade de caixas, nem de filas, às vezes nem é preciso ir ao banco. A não ser que você seja daqueles que gostem de funcionários e gerentes bajuladores. Ou de tomar o cafezinho sentado numa confortável poltrona giratória onde pode conversar olhando os miseráveis na fila como gado que vai para o abate.
Depois que voltei da agência, eu esperei a raiva passar um pouco para escrever esta crônica...