BANALIZAÇÃO DO AMOR
Sempre fui veemente em defender minha opinião, sobretudo no que diz respeito à tão famosa frase: “Eu te amo”. Mais do que palavras, elas revelam uma declaração muito forte para serem proferidas em vão.
Não sou contrária ao amor, tanto é que sempre gosto de falar em sentimentos. Não sou o tipo de pessoa que tenha facilidade para demonstrá-los com gestos e atitudes, mas palavras eu escolho muito bem. Meus amigos já me disseram que eu tenho um bloqueio quanto a isso, mas não vejo problema algum. Você até pode dizer que ama, se realmente amar. Não se pode confundir os sentimentos, até porque quando confessamos o amor, nos tornamos responsáveis pelo afeto que declaramos e temos um compromisso moral com o que dissermos. Se eu escrever, até posso apagar, deletar ou atear fogo ao papel em que escrevo, mas não posso apagar a palavra proferida, nem o que o impacto delas produz em mim e nos outros.
Também não me considero uma pessoa fria, muito pelo contrário. Dizer eu te amo é uma dádiva quando realmente sentimos o que dizemos. O calor do momento, muitas vezes pode mascarar as reais intenções. Um impulso pode deixar cicatrizes que se levam pela vida inteira, deixar marcas que podem destruir ou satisfazer uma pessoa. Mas dizer por dizer não dá. Acho que confere uma fraqueza de caráter. Levei cerca de 5 anos para dizer as tais palavrinhas mágicas ao meu companheiro. Eu mesma tinha que sentir que não estava confundindo paixão com amor. Penso que se dissesse sem ter certeza, poderia gerar uma carga muito forte de responsabilidade tanto para mim quanto para ele. Amor é pra sempre e paixão sempre acaba. E só vale dizer eu te amo, ao meu ver, se você tiver certeza do que sente e do que diz, porque esse amor sempre será cobrado de você, embora acredite que existem formas diferentes de amar e, por esta razão, podemos ferir as pessoas que acreditam que o amor que temos a ofertar deva corresponder à necessidade que elas possuam de ser amadas.
Após a convicção em torno de meus próprios sentimentos, posso afirmar que senti, paralelo ao comprometimento, um alívio por proferir a célebre frase. Não tenho bloqueio algum, sou correspondida e o melhor: tenho certeza de que é amor e que veio para ficar.