O PADRE E O LADRÃO DE BANANAS!
Quem pensa que roubo e assalto são atitudes típicas de cidades grandes está equivocado. Senão, vejamos esse fato que ocorreu num colégio interno, localizado numa pacata cidade do interior do Piauí. Naquele seminário, onde abrigava, aproximadamente, 40 jovens, além das atividades religiosas e culturais, éramos estimulados no sentido de cuidar de uma bela horta que circundava o prédio, da qual colhíamos hortaliças para o nosso próprio consumo e do pomar, frutos e frutas variadas. Como em todo colégio interno havia um regulamento a ser seguido. Desde cedo éramos orientados a seguir normas à risca como se estivéssemos num quartel. Com uma grande diferença: a nossa arma era só o terço ou a Bíblica Sagrada. Bem, isso era o que pensávamos até aquela fatídica noite em que um ladrão de bananas resolveu invadir o nosso recinto e foi surpreendido pelo nosso Reitor, que inclusive chegou a usar uma arma até então então bem guardada, dando um tiro para assustar o meliante inoportuno.
E foi realmente isso que ocorreu: certa noite,por um descuido da nossa parte, a porta do salão do recreio ficou só encostada. E como diz o adágio popular: “A ocasião faz o ladrão!” então aquele larápio, movido primeiramente por uma fome inadiável adentrou no nosso recinto e foi direto ao local onde guardávamos nossas merendas. E como estivesse escuro, por um descuido deixou cair algo que logo despertou a atenção do Padre que, imediatamente resolveu sair no seu encalço. Então saiu rápido pelo corredor que dava acesso ao local onde estava acontecendo o roubo. Só que, devido a pressa, ele se esqueceu de colocar os óculos e não deu outra, chegando ao salão de recreio e percebendo um vulto se movimentando, não perdeu tempo correu tentando agarrá-lo, mas só que a sua trajetória foi interrompida por uma mesa de jogos que havia no salão e, repentinamente, lá estava o Reitor estatelado no cimento frio e portanto uma arma, não pensou duas vezes, mesmo assim, ao se lembrar de algum filme de bang-bang atirou para assustar o ladrão de bananas, que mais do que ligeiro saiu correndo e sem nada levar, talvez pelo susto do tiro. Agora se antes ele conseguiu comer algo, pelo menos a sua inoportuna visita não foi totalmente em vão.
Na manhã seguinte, estampando um curativo provisório na testa, o nosso Reitor ficou frustrado ao nos contar a sua façanha, lamentando saber que nenhum de nós não tinha ouvido nada da anormal naquela madrugada. Realmente, naquela ocasião éramos todos adolescentes medrosos. Duvido que, mesmo que alguém tivesse ouvido algo, jamais deixaria seu leito para averiguar algo... Já o nosso Reitor! Também pudera, empunhando um “três oitão”...E se não fosse o tombo, certamente, só Deus para ter dó daquele ladrão de bananas. Entre nós, após esse fato, o nosso comentário era sobre a hipótese se ele, o Padre, tinha xingado, principalmente na hora em que caiu...Bem, mas aí são outros quinhentos!... No mínimo teria que se confessar ao Bispo!
João Bosco de Andrade Araújo
Joboscan50@yahoo.com.br