...NÓS PODEMOS DESCOBRIR, E ARRISCAR...
Dias de folga me trazem uma preguiça gigante, daquelas em que não tenho vontade de trocar a roupa com a qual dormi. Isso faz com que eu me force a levantar e enfrentar algo novo, porque a rotina vicia e nos deixa cheio de felicidade improdutiva. Resolvi andar pelas ruas do centro da cidade e descobrir novos trechos de asfalto, novos cafezinhos servidos em elegantes fumaças que proporcionam um melhor despertar. A flor se oferece pela janela do último andar daquele pequenino edifício, ao contrário da moça que se esconde e leva com ela aquele pouco de cor. O semáforo diz que já posso atravessar o rio de sons, que a cada dia parece mais denso. Esse retrato da civilização não é tão valioso quanto os segredos que a nossa falta de percepção proporciona. Eu tentei ver o caminho que faço todos os dias por ângulos diferentes, foi como se a cidade implorasse para que meus olhos a redescobrissem em épocas de nuvens pesadas e mau humor. Olhando de cima a multidão nada mais é que um rio poluído pela pressa de chegar a lugar nenhum. cada um abrindo o seu guarda chuva num balé caótico que nunca foi ensaiado. Dois pássaros se escondem sob as telhas que gotejam água suja na rua onde um casal de adolescentes corre pra consumar a pureza do amor que esquecerão logo mais. Penso que deveríamos ter sempre a calma e paciência necessária para descobrir o explícito, como se fossem segredos guardados pelo tempo. Penso que deveríamos ter sempre a coragem de assumir os riscos necessários para voltarmos a viver em paz.