ENTÃO É NATAL...
Quem nunca se emocionou ao ouvir esta belíssima canção: “Então é Natal, e o que você fez?/O ano termina, e nasce outra vez/ Então é Natal, a festa Cristã/ Do velho e do novo, do amor como um todo/ Então bom Natal, e um ano novo também/ Que seja feliz quem, souber o que é o bem.” Talvez nunca tenha sentido a fundo o verdadeiro espírito de Natal.
Quando eu era criança, além de aguardar ansiosamente pelos presentes do bom velhinho, eu e meus irmãos adorávamos preparar a casa com ornamentos natalinos para esperar a chegada do Papai Noel. Nossos pais também nos falavam sobre a importância da data, por caracterizar o nascimento de Nosso Senhor Jesus. Eu achava estranho comemorar o nascimento de alguém cujo corpo físico já não estava mais presente para, alguns meses depois, antes da Páscoa, refletirmos sobre a sua morte. Não conseguia conceber que fôssemos considerados culpados por sua morte, pois nem mesmo era nascida quando o fato suscedeu. Não via lógica nenhuma nisso, até compreender que as falhas humanas não estavam em conformidade com a perfeição divina e nossas atitudes é que condenaram o Salvador à morte, mesmo tendo Ele, logo depois, ressuscitado. E partido para outro plano espiritual.
Dessa forma, ao adquirir a maturidade, procurei extrair desta data o que de melhor há nela. Reflexão. Claro que é muito gostoso receber presentes e nos deliciarmos com uma excelente ceia, mas o motivo principal é, ao findar de um ano, possamos fazer uma restrospectiva acerca de nossas atitudes, ter a humildade de reconhecer os erros e, sobretudo, a grandeza de perdoar as falhas alheias, até porque não estamos acima do bem e do mal para que possamos fazer julgamentos. Já não me preocupo mais com enfeites natalinos, mas é só uma questão de tempo, pois tenho certeza de que com a vinda de meu filho, procurarei proporcionar a ele uma profusão de cores e objetos delicados que estimulem sua imaginação, mas acima de tudo isso, procurarei passar para ele o que de fato são valores e o verdadeiro significado do Natal. É óbvio que não espero ser canonizada com atitudes melhores, mas cada ano de vida que temos o privilégio de comemorar deve trazer consigo – além da passagem de tempo – um processo evolutivo da alma. Para mim, esse é o real sentido do Natal, mas cada um com suas convicções. Aprendi a conviver com as diferenças e opiniões alheias, embora me faça respeitar em minhas próprias crenças.
E, com esse pensamento, encerro com aquela música ecoando em algum lugar recôndito de mim: "Então bom Natal, e um ano novo também/Que seja feliz quem, souber o que é o bem/ Harehama, A quem ama"...