SER PROFISSIONAL

Vivemos uma época em que o mundo e o mercado de trabalho exigem que sejamos profissionais. Isso me remete a este conceito ao pé da letra. Ser profissional envolve competência, habilidades e ética. Precisamos ter competência para saber viver bem e desenvolvermos habilidades para não prejudicar o outro ou o planeta no desejo de atingir nossos objetivos. E, principalmente, sermos éticos evitando assim uma maior destruição moral.

Observo que a competência e as habilidades vão sendo adquiridas ao longo da vida do ser humano, mas sinto que boa parte, ainda esbarra na ética. Em se tratando da satisfação das nossas vontades tudo é permitido. Então vale até sermos desonestos para chegarmos ao objetivo final: satisfazer o egoísmo do nosso eu!

É explicado pela Psicologia, que o ser humano sente uma necessidade vital de aparecer, estar em destaque. E, convenhamos: quem não gosta de aparecer? Eu adoro! Entretanto, só aparece quem se mostra. E, só se mostra quem pode. Quem tem conteúdo para mostrar. E, os que a vida lhes tira este conteúdo, para estarem em evidência se jogam no mundo totalmente fora da ética.

E aí habita um grande problema que impera até dentro das escolas. O que, a meu ver, deveria ser um ambiente totalmente ladeado pela ética e o desenvolvimento de habilidades e competências. Afinal, lá estamos trabalhando com mentes humanas. E, nada mais correto do que primar pela sanidade. Mentes sãs, povo sã. E, o mais interessante nisso tudo é que boa parte dos educadores ainda não compreende porque a educação não educa mais. Só não enxerga quem se nega a ver. Somos exemplos e estamos sendo, em muitos casos, péssimos exemplos.

Posso citar um fato recente para ilustrar essa minha afirmação. Trabalho há vinte e três anos em escolas e sinto muito prazer em educar, conviver diariamente com gente. Gosto de gente, do cheiro do povo, especialmente, dos meus amados alunos. Não sou professora de sala de aula, mas sim: de vida! Como pedagoga, meu maior compromisso com os alunos é mostrar-lhes a necessidade de se aprender a viver bem consigo, com o outro e com o mundo! Deve ser por isso que posso sentir no olhar de cada um o quanto sou amada por eles. E, então me jogo nesta vida maravilhosa de educadora sem medo de ser feliz. Não perco meu tempo reclamando de salário baixo, ensino meus alunos a serem comprometidos com o saber para mais tarde poderem reivindicar seus direitos. Uma vez que nós educadores nos perdemos no mar das lamentações.

O fato é que sempre trabalhei nas duas redes de ensino: pública e particular. E, como tenho o que agradecer a ambas pelo que aprendi. Na primeira aprendi a lutar mais e reclamar menos e na segunda aprendi a realizar minhas atividades com competência.

Este ano resolvi me dedicar exclusivamente a rede pública de ensino, por isso aceitei um convite em fazer parte da chapa um para concorrer a vice-diretora da escola onde trabalho. Tenho minha maneira bem particular de ver as eleições para a escolha de gestores dentro de uma escola. Infelizmente, muitos colegas agem como se estivessem participando de um pleito eleitoreiro qualquer. Como temos o que aprender para poder ensinar!

O interessante é que durante o período de campanha dedicado aos candidatos a gestores, pouco atrapalhei a normalidade das aulas. Aproveitei este espaço para mostrar o trabalho que fazemos dentro da escola em benefício dos alunos. O que é visível aos olhos dos mesmos. E, em momento algum, pedi voto. Voto é secreto, é opção democrática. Acredito muito na consciência humana quando bem trabalhada. Por isso visualizo, a cada dia, a possibilidade de um mundo mais humano.

Mesmo assim o resultado nas urnas me foi surpresa, sabia da consciência da comunidade escolar, mas não em nível tão alto. Vencemos com 75% dos votos em todos os seguimentos escolares. Quanta responsabilidade em nossas mãos! O que comprova minha convicção quanto ao mundo melhor e bem mais próximo de nós.

Mas como a ética anda ainda adormecida em bancos escolares, a chapa adversária, insatisfeita com a derrota grande, entrou com pedido de impugnação da eleição, sem alegações pertinentes, por desconhecimento do respeito à felicidade de quem trabalha para ver um mundo mais justo para todos.

O bom nesta história toda é que nossos alunos aprenderam que quando entramos numa disputa só há duas opções: ganhar ou perder. E, se ganhar festejar com respeito, mas é importante também saber perder.

Amigos, andei tão ocupada que nunca mais havia escrito uma crônica. E assim, não abusei vocês falando do que gosto de fazer: educar... rsrsrsrs. Boa noite!!!

Fátima Feitosa
Enviado por Fátima Feitosa em 14/12/2009
Código do texto: T1978250
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