TRISTEZA
Não sei se angústia ou tristeza o que sinto invadir-me a alma neste sufocante entardecer de dezembro.Seria a dor do ser ou a agonia do ter? Sinto-me distante de tudo e de todos. Não importa que a casa esteja cheia, que haja gritos, risos ou choro de crianças. Eu estou só, completamente só.Não sei nem se minhas circunstâncias me acompanham, para que eu tenha alguma companhia.Acho que o timoneiro do barco me deixou à deriva, para que sozinha retome o leme
e siga tentando vencer vagalhões e procelas até atingir o porto seguro.
Volta a casa ao silêncio.Foram-se todos deixando montada a ávore de Natal: bolas e luzes pica-piscando.
Não estou mais só. Encontrei-me.
Cuidadosamente substituo os retratos que ficam sobre um móvel pelo pequeno presépio de cristal e pelas velas da coroa do Advento. No centro, coloco minha linda violeta pendente que de lilás se vestiu para aguardar a vinda de Jesus Menino.
Só então ergo os olhos aos céus e oro pedindo ao Pai me abençoe, para que, tranquila, aguarde o aniversário de Jesus.